Valores de multas aplicadas na Operação Mata Atlântica em Pé aumentam mais 1.000%, no Ceará

Em 2019, as infrações foram de R$ 312 mil e, neste ano, os valores saltaram para R$ 3,6 milhões. A principal irregularidade é desmatamento do bioma

Os valores das multas aplicadas ao longo da quarta edição da Operação Mata Atlântica em Pé, no Ceará, alcançaram um número recorde neste ano. Ao todo, foram mais de R$ 3.606 milhões. O montante é 1.055% maior que o valor aplicado em 2019, quando as infrações expedidas somaram R$ 312 mil. Operação encerrada nesta semana e que durou dois meses, identificou desmatamento de uma área de 980,81 hectares, em 11 municípios cearenses.

No decorrer da operação houve a apreensão de um trator, 13 animais silvestres; 28 autos de infração ambiental e 24 termos de embargo foram lavrados. O objetivo é combater o desmatamento e proteger o bioma da Mata Atlântica.

Municípios onde houve identificação de desmatamento e aplicação de multas:

  • Cruz;
  • Acaraú;
  • Itarema;
  • Amontada;
  • Trairi;
  • Itapipoca;
  • Paracuru;
  • Paraipaba;
  • Caucaia;
  • Eusébio;
  • Cascavel.

Além do Ceará, a Operação Mata Atlântica em Pé contou foi realizada em outros 16 estados brasileiros, sob a coordenação do Ministério Público do Paraná e executada por diversas unidades do órgão em parceria com a Polícia Militar e órgãos de fiscalização ambiental.

No Ceará, 67 municípios apresentam trechos de mata atlântica. Desse total, apenas dois têm Planos Municipais de Recuperação e Conservação da Mata Atlântica (PMMA) em andamento: Mulungu e Capistrano.

O PMMA reúne e normatiza os elementos necessários à proteção, conservação, recuperação e uso sustentável do bioma. O documento é feito por cada município e deve ser aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema), com a participação da sociedade civil.

Os promotores de Justiça devem ingressar com medidas cautelares para garantir a efetivação da operação. Posteriormente, os relatórios de autos de infrações serão encaminhados para as promotorias de Justiça para a responsabilização judicial dos responsáveis.

A promotora de Justiça, Jacqueline Faustino, coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caomace) pontuou que na perspectiva dos alvos fiscalizados, a operação obteve êxito.

“Foi um sucesso graças à integração e união de todos os órgãos envolvidos”, destacou.

“A operação representa um grande esforço conjunto para tentar minimizar os impactos neste bioma tão rico e tão caro para o Brasil, mas ao mesmo tempo tão descaracterizado pelas pressões demográficas e econômicas que sobre ele incidem diuturnamente”.

Preocupação 

O resultado da atual Operação demonstra uma retomada de crescimento em áreas desmatadas no Ceará o que causa preocupação entre ambientalista e órgãos. “Em 2019, houve apenas 19,03 hectares de desmatamentos confirmados. Já em 2020, este número saltou para 980,00 hectares. Um crescimento absurdamente preocupante, e que revela o quanto se faz necessário reforçar as ações de fiscalização”, concluiu Jacqueline Faustino.