Tumor etmoidal

Escrito por
Daniel Pessoa Gomes da Silva*

O produtor Francisco Reginaldo Filho, que cria caprinos na zona rural de Sobral, diz que alguns de seus animais estão aparecendo com o chamado tumor etmoidal. Ele quer saber o que é essa doença, se tem cura e se é sempre letal, pois alguns de seus animais morreram em decorrência da doença.

O etmóide é um dos ossos que compõe a base do crânio dos animais, localizado próximo aos seios nasais, e pode ser local de várias lesões, como as infecções ou neoplasias, conhecidas como câncer. No Nordeste, desde a década de 50, são realizados diagnósticos de uma doença em ovinos que causa aumento de volume e obstrução nasal, dificuldade respiratória, perda de peso e até morte.

Durante muito tempo essa condição recebeu diversas denominações, como tumor nasal enzoótico e tumor etmoidal, sendo sua origem atribuída à presença de um vírus que produzia essas lesões na cavidade nasal dos animais.

Recentemente, por meio de estudos laboratoriais, identificou-se a presença de fungos do gênero Conidiobolus em ovinos acometidos com essa doença, passando a ser chamada de Conibiobolomicose. Esses fungos podem ser encontrados no solo e em material vegetal em decomposição, comum na nossa região, em pastagens nativas, principalmente onde ocorrem chuvas fora de época. Com a pastagem seca, quando chove, a vegetação apodrece, criando o ambiente favorável para o fungo.

A doença também pode afetar outras espécies animais, como cavalos e burros. Os principais sintomas são corrimento nasal sero-mucoso a muco-purulento uni ou bilateral, dificuldade respiratória, apatia, febre, perda de peso, aumento de volume da região nasal e exoftalmia (protrusão do olho para fora da órbita), além de opacidade de córnea ("olho branco"). Casos mais severos podem apresentar até sinais nervosos.

A doença apresenta taxas de letalidade próximas de 100%, em virtude da gravidade e localização das lesões. Antifúngicos podem ser empregados no tratamento da doença, especialmente no início, mas o custo é muito alto e o tempo prolongado de administração muitas vezes limita sua utilização.

O tumor etmoidal é hoje denominado de Conibiobolomicose. Porém, ainda não existe vacina para a prevenção e cura desse mal. Assim como também não existe um tratamento específico para a doença. Nos animais acometidos dessa enfermidade são efetuados procedimentos sintomáticos, ou seja, os sintomas podem ser tratados, mas, mesmo assim, a letalidade é bastante elevada.

O tratamento dos sintomas pode ser feito com o uso de antibióticos e medicamentos antifúngicos. É como se numa manifestação de gripe, a febre aparecesse como sintoma principal, aplicando-se o antitérmico que controla a febre, mas não tem influência na gripe especificamente. A prevenção para a disseminação da doença é isolar o animal doente dos demais do rebanho.

* Veterinário e professor de Clínica Médica de Grandes Animais da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Favet-Uece), mestre e especialista em Clínica de Grandes Animais.

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