A gestão pública de Missão Velha, na região do Cariri, decidiu adotar uma ação diferente para buscar e vacinar a população da zona rural que ainda não recebeu nenhuma dose contra a Covid-19: a “Rural da Vacina”, veículo clássico produzido até a década de 1970 no Brasil, que percorre comunidades distantes desde a última sexta-feira (7).
Até o último dia 6 de janeiro, o município aplicou 29.232 primeiras doses, 780 doses únicas, 24.252 segundas doses e 2.021 doses de reforço, segundo o vacinômetro estadual.
A população da cidade é formada por 29.566 pessoas com mais de 12 anos, segundo o IBGE. Ou seja, mais de 98% dos moradores aptos à vacinação já receberam pelo menos uma dose do imunizante.
Contudo, a Prefeitura Municipal detectou que uma parte da população da cidade não conseguiu realizar o cadastramento digital ou mora distante dos pontos fixos de imunização.
As viagens da Rural da Vacina acontecerão às sextas-feiras, das 8h às 13h, aplicando exclusivamente primeiras doses. O tipo de veículo foi escolhido porque precisa percorrer áreas de difícil acesso levando as equipes de imunização.
pessoas foram contempladas no primeiro dia de circulação da Rural da Vacina, com o imunizante Coronavac.
A cidade das Rurais
O carro utilizado na campanha tem até nome: “Ruralina”, que funcionava como transporte alternativo entre Missão Velha e municípios do Cariri, como Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha.
Segundo o médico e prefeito de Missão Velha, Rosemberg Macêdo, o “Dr. Lorim” (PDT), o uso do veículo resgata uma tradição do município, conhecido como “cidade das Rurais”, ao mesmo tempo em que ajuda a resolver uma demanda do presente.
“Ficamos impressionados com a quantidade de pessoas que sequer tinham recebido a primeira dose. Por isso, é importante vermos a aceitação de quem não tinha condições de se deslocar ou não conseguiu fazer o cadastro no site”, afirma o prefeito.
A Rural da Vacina tem um megafone que anuncia os benefícios da vacinação, além de reproduzir a música “Bum Bum Tam Tam”, funk conhecido no início da campanha brasileira por aludir ao Instituto Butantan, que desenvolveu a Coronavac.
Acesso facilitado
A secretária municipal de Saúde, Kay France, reconhece que muitos cidadãos têm dificuldade em acessar o serviço, portanto o projeto seguirá por tempo indeterminado, “até vacinar toda a população”.
“De ontem pra hoje, todos souberam e a receptividade está excelente. A cada sexta, estaremos em uma comunidade diferente”, reforça.
O Dr. Lorim, que participou da primeira ação, conta que a reação dos moradores “foi a melhor possível”. Inclusive, os canais da Prefeitura receberam muitas sugestões para as próximas visitas.
“Foi um sucesso. Nós, como gestores públicos, precisamos estar diretamente à frente desse movimento, porque a vacinação é a única forma que temos para nos vermos livres desse vírus”, aponta.