Faleceu na noite de sexta-feira (21), aos 85 anos, a irmã Annette Dumoulin, da Congregação de Nossa Senhora (Cônegas de Santo Agostinho). Natural da Bélgica, Anette era conhecida como “madrinha dos romeiros” e morava em Juazeiro do Norte desde 1974, atraída pela curiosidade sobre os fenômenos das migrações em torno do Padre Cícero. Ela estava internada desde último dia 9 com quadro clínico de desconforto no pâncreas e fígado.
A notícia da morte da irmã Annette foi divulgada com consternação pelo próprio bispo da Diocese de Crato, Dom Gilberto Pastana. “Após combater o bom combate, ingressa à pátria celeste para desfrutar dos bens reservados àqueles que na vida souberam amar a Cristo e aos irmãos”, disse em nota.
Annette atracou no Brasil em 1973, estimulada a estudar as Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) na periferia de Recife, em Pernambuco. Neste trabalho, descobriu a figura do Padre Cícero Romão Batista e as romarias de Juazeiro do Norte. “Chegou como pesquisadora, junto à irmã de Congregação Ana Teresa, fazendo-se depois afilhada e devota do padrinho”, lembra Pastana.
Como “madrinha das romarias”, a religiosa se tornou forte aliada dos visitantes de Juazeiro do Norte na luta por melhorias em sua estadia na cidade. Além disso, irmã Annette ficou marcada pelos cânticos e benditos entoados em um dos momentos mais marcantes dos eventos religiosos: a “Missa do Chapéu” ou “Despedida dos Romeiros”.
De sua voz, saía um dos momentos mais bonitos da romaria: o “Canto do Adeus”, onde uníssono os devotos do “padrinho” cantavam “Adeus, adeus, adeus Maria” e se despediam da cidade. Muitos, aos prantos e erguendo seus chapéus de palha.
Ciente da importância da irmã Anette, o reitor da Basílica de Nossa Senhora das Dores, padre Cícero José da Silva, ressaltou a passagem da religiosa na cidade. “Ela conheceu esse fenômeno, resolveu fixar morada. Aprendeu com esse povo e ensinou. Neste intercâmbio de mais de mais de 50 anos, escreveu livros, artigos e contribui com teses. Isso dão prova do amor à causa do Padre Cícero”, acredita.
O sacerdote também ressalta o “desejo de ver os romeiros como protagonistas” pela belga, que tinha grande “capacidade de defesa e de brigar pelos direitos” destes devotos, acredita Padre Cícero José. “O seu apostolado nas terras caririenses ajudou-nos a moldar o rosto romeiro e missionário desta Igreja Particular”, completa Dom Gilberto.
“A memória de Irmã Annette permanecerá no coração da Igreja de Crato e da nação romeira. Choremos a sua partida, mas sem nos esquecer de que ‘a vida não é tirada, mas transformada'”, reforça o bispo, citando o prefácio dos Fiéis Defuntos.
Governador lamenta
Quem também lamentou a morte da irmã Annette foi o governador Camilo Santana. Em suas redes sociais, lembrou que ela “sempre se notabilizou pela ajuda aos que mais precisam. Minha solidariedade e que Deus conforte os familiares, amigos e admiradores de irmã Annette”, disse em trecho de nota.
Seu corpo está sendo velado dentro da Basílica de Nossa Senhora das Dores, sendo a cerimônia transmitida pela TV Web Mãe das Dores. Fiéis podem visitar o templo, mas o limite máximo é de 25% de sua capacidade. Mais cedo, houve uma missa em sua memória e foi reprisado, para os romeiros que acompanham em casa, programas com participação da Irmã Annette. Ao meio-dia, acontecerá outra missa, seguido pelo sepultamento no cemitério do Anjo da Guarda.