O Governo do Ceará desde 2017 tem acompanhado mais de perto as reivindicações das comunidade ciganas a fim de garantir, ainda que minimamente, um levantamento sobre as condições de vida dessa etnia no Estado. A perspectiva, segundo representantes do Governo do Estado, é produzir um mapeamento das populações ciganas no Estado. A ação integra o Monitoramento de Ações e Projetos Prioritários (MAPP) do Governo específico para os ciganos. o "MAPP 590 - Ceará Cigano".
De acordo com o coordenador agrário da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Castro Júnior, "o povo cigano até o governo Camilo Santana estava na invisibilidade. A partir de 2017, o Estado passou a dialogar com eles. No caso da SDA, passamos a trazê-los para a visibilidade".
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Um ponto importante, conforme Castro Júnior, foi a audiência em que o governador Camilo Santana recebeu os ciganos. "O governador determinou que as respectivas secretarias ouvissem suas reivindicações. No caso da SDA, estamos construindo projetos para essa população que há bem pouco tempo não era identificada. Fizemos uma capacitação para que, inicialmente, as lideranças ciganas se auto-identificassem. Daí eles passaram a buscar os demais ciganos que moram no Estado", explica.
Conforme Castro, o governador autorizou o MAPP que está em fase preparatória na SDA. "Apoiamos o I Encontro dos Povos Ciganos em maio passado e vamos continuar a fazê-lo. Outro ponto importante foi começar a capacitar as populações para acessar as políticas públicas e a ajudá-las a se cadastrar no sistema do Estado. Queremos que eles identifiquem suas potencialidades".
A população cigana na zona rural é de agricultores familiares, além de serem integrantes dos povos tradicionais. Nós os trouxemos com o entendimento de que não conheciam as políticas públicas. Passamos a apresentá-las a eles e, ao mesmo tempo, conhecê-los".
O coordenador de políticas públicas de Direitos Humanos do Gabinete do Governador, Demitri Cruz, destaca que "os ciganos são uma população que tem etnia própria. É um povo que no Ceará está em processo de afirmação, de visibilização. O mapeamento vai nos permitir tratar essa etnia como povo. Saberemos que tipo de violação dos direitos humanos eles sofrem por conta dessa etnia".
Demitri relata que esse é um "processo novo" e que a perspectiva é também acompanhar a violação dos direitos humanos. "Estamos identificando esses casos. Já ouvimos relatos de preconceito e discriminação quando eles revelam sua origem, até mesmo em relação aos serviços públicos".