90 tartarugas marinhas nascem na praia de Paracuru; eclosão é a 1ª registrada no município

O nascimento emocionou os técnicos e quem esperava a eclosão dos ovos, ocorrida entre 0h15 e 0h40 desta quinta-feira

Durante o fenômeno da superlua na noite desta quarta-feira (26), quem foi à praia do Quebra-Mar, em Paracuru, no litoral oeste do Ceará, presenciou outro espetáculo da natureza: a desova de um ninho de tartarugas marinhas que era monitorado há quase dois meses e eclodiu nos primeiros minutos desta quinta-feira (27).

O nascimento emocionou os técnicos e quem esperava a eclosão dos ovos, ocorrida entre 0h15 e 0h40. Essa é a primeira vez que um ninho de tartarugas marinhas é monitorado e a eclosão é acompanhada e registrada, em Paracuru.

“A gente estima em 90 tartaruguinhas que depois de percorrer uns 20 metros de areia de praia chegaram todas ao mar”, pontuou a técnica da secretaria de Turismo, Cultura e Meio Ambiente de Paracuru (Setur), Adyla Lucas.

Superlua antecipou eclosão, acredita técnica

A técnica crê que a superlua influenciou o nascimento. “A gente acredita que houve sim influência, antecipando do dia 30 para ontem a eclosão desse ninho”, indicou Adyla Lucas. Os astrônomos ensinam que a ‘superlua’" ocorre quando o astro está próximo de seu perigeu, ponto de sua órbita mais perto da Terra. O fenômeno afeta as marés, por exemplo.

Ainda de acordo com a técnica da Setur, “as tartarugas marinhas tendem a nascer em dias de lua cheia, quando a maré está alta, e durante a madrugada, temperatura fria e por ser um período noturno, para se proteger dos predadores”.

"A experiência mais linda que já vi”

Para o técnico Ramon Jucá, a emoção de assistir ao espetáculo da eclosão dos ovos foi importante, e frisou que “tirando o nascimento do meu filho, que acompanhei o parto, foi a experiência mais linda que já vi”.

O ninho foi encontrado em 30 de março passado por praticantes de kitesurf e foram quase dois meses de incubação. A área no entorno de uma barraca de praia foi cercada e devidamente sinalizada por técnicos da Setur.

Colocamos cavaletes e tela para evitarmos destruição do ninho, colocação de cadeiras, porque é uma faixa de praticantes de esportes, banhistas e de passagem de veículos autorizados, mas há dois dias liberamos as telas para que ocorresse a fuga das tartaruguinhas ao mar”
Ramon Jucá
Técnico

A eclosão dos ninhos de tartarugas marinhas, segundo Adyla Lucas, é influenciada “por luminosidade da espuma do mar, que fica mais clara, em dias de lua cheia, e pelo barulho da maré alta”.

Sobre a experiência de acompanhar o nascimento das tartarugas, Adyla Lucas expressou ainda que “foi uma coisa surreal, oportunidade única, um momento mágico, que nos traz esperança em dias melhores”.

Proteção às tartarugas

A Setur está implantando ações de proteção ao meio ambiente e às tartarugas marinhas na faixa de 20 km de litoral em Paracuru. “Temos uma faixa de praia extensa e são recorrentes relatos de mortes, tartarugas feridas e presa em curral de pesca”, contou. “Precisamos de políticas públicas protetivas e eficazes”.

Recentemente, em parceria com a ONG Verdeluz, houve uma capacitação para pescadores, surfistas, bugueiros e atletas de futevôlei que receberam orientações sobre a importância da preservação ambiental e dos animais.