Na busca por soluções para os problemas de saúde pública, um olhar para fora pode sugerir formas inovadoras e adequadas ao contexto local. Não há respostas universais que sirvam para todos os cenários, mas alguns modelos servem de inspiração.
Em Barcelona, na Espanha, por exemplo, o conceito de clusters seguido pela área de saúde ilustra como a concentração de talentos, tecnologias, recursos e investimentos com foco em áreas específicas do conhecimento tem trazido bons resultados. “Barcelona possui um dos seus clusters na área da saúde, através da Biocat, a qual trabalha para impulsionar a inovação, promover o empreendedorismo e o desenvolvimento de negócios, promover ações de treinamento e desenvolvimento de talentos, e atuar como gerador de conhecimento e reflexão para o ecossistema catalão das ciências da vida e da saúde”, explica Carlos Olsen, consultor especialista do La Salle Technova Barcelona.
Outro exemplo vem de Portugal. Após a Revolução política de 1974 (também conhecida por Revolução dos Cravos), o país procurou modelos bem-sucedidos para construir uma solução adaptada à realidade local. O resultado foi um Serviço Nacional de Saúde que cobre todos os residentes, financiado por impostos. Mais recentemente foi feita uma reforma da Atenção Primária à Saúde inovadora, baseada na auto-organização e na contratualização e que tem tido bons resultados.
Inspiração
“Em termos gerais, o que aprendemos com estas reformas foi não aplicar modelos de outros países cegamente e sem adaptá-los à nossa cultura, mas sim transformar as reformas em processos participativos em que os vários autores tenham voz, não perder uma oportunidade para inovar no sentido daquelas intervenções que sabemos que já funcionaram em outros contextos e/ou que têm uma alta possibilidade de funcionar no contexto em que as queremos implementar”, avalia o português André Biscaia, médico de família em Lisboa e doutor em Saúde Internacional, especialidade Políticas de Saúde e Desenvolvimento pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa.
Um artigo recente da revista The Lancet destaca Portugal pelas suas políticas de saúde e o que conseguiu alcançar, apesar do seu nível de riqueza - baixo, para os padrões europeus. No enfrentamento da atual pandemia, Portugal conseguiu dar uma resposta adequada, tendo em conta os seus recursos. “É o País com menos camas disponíveis para doentes críticos da Europa e, por tal, baseou a sua resposta na atenção primária, conseguindo o achatamento da curva, distribuindo os casos por mais tempo, nunca esgotando a sua capacidade hospitalar e tendo um baixo número de mortos por Covid-19”, avalia André Biscaia.
Diagnósticos corretos
Como observa o médico português, não há soluções universais, que sirvam para todos os contextos. O que tem de ser assegurado é a capacidade de se fazer bons diagnósticos de situação, corretas priorizações e efetiva implementação de intervenções, assim como a capacidade de monitoramento e avaliação. “Para isso, é fundamental um efetivo sistema de informação em saúde que disponibilize um retrato fiel do que está acontecendo, alimente as decisões do nível político ao gestionário, apoie o trabalho dos profissionais no terreno e informe e contribua para a saúde da população”, opina André Biscaia.
Para o Ceará, o consultor observa a importância de se implementar o que se chama de “políticas adaptativas”, que permitem a preparação para situações inesperadas, mantendo o trabalho na direção dos objetivos, em contextos muito voláteis e de evolução incerta. “Outro conceito fundamental, principalmente em contexto de crises como a pandemia em que agora estamos, é o da resiliência do sistema de saúde. De um modo muito básico, refere-se à capacidade de o sistema de saúde conseguir manter a sua função sem se desagregar face aos desafios que tem ou pode vir a ter de enfrentar. Para essa resiliência, conta muito ter um sistema de saúde que cubra toda a população naquilo que é essencial, que esteja pronto para poder fazer mudanças em tempo útil e, novamente, um bom sistema de informação e comunicação”, explica.
Integra Saúde Ceará
Para informar sobre estas e outras questões do setor de saúde pública, assim como novidades, inovações, investimentos e muito mais, acesse o Integra Saúde Ceará, nova página especial do Diário do Nordeste. O objetivo é incentivar a população para cuidar de sua saúde e mantê-la bem informada, sabendo de que forma pode se beneficiar ao máximo dos serviços de saúde no nosso Estado.
O projeto especial Integra Saúde Ceará é uma realização do Sistema Verdes Mares, com apoio do Governo do Estado do Ceará. Acompanhe as mídias do SVM para ficar a par das ações e saber como cuidar bem da sua saúde e da sua família.
Confira a página especial
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/projetos/integra-saude-ceara
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