Chef em domicílio

A melhor e mais antiga forma de confraternizar com familiares e amigos é em torno de uma boa mesa, com boa comida e boa bebida, observa o chefe Rafael Gurgel, professor do curso de Bacharelado em Gastronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Em datas comemorativas, geralmente se oferece um almoço ou jantar. Se você tem alguém que cozinhe em sua família, ótimo. Se não tem, um profissional que cozinhe vai te ajudar muito”, ressalta o docente, com mais de dez anos de experiência e atuação nos mercados cearense e paulista.

Serviço diferenciado
Não é de hoje que o serviço de chefe em domicílio - ou catering - é utilizado para tornar ainda mais especial diversos tipos de eventos. Diferentemente do serviço de buffet, o chefe em domicílio é mais usual em ocasiões menores e mais aconchegantes, nas quais o profissional trabalha na casa e na cozinha do próprio cliente, observa Rafael Gurgel. “Podendo ter ali, inclusive, uma conversa mais informal entre os convidados e o chefe, se assim o cliente acreditar ser interessante”, acrescenta.

Pizzas, comidas nordestinas, feijoadas, sushi etc. A diversidade e a qualidade de serviços e cardápios oferecidos pelos chefes em domicílio é muito ampla e realmente fica a critério do cliente, assinala o chefe Rafael Gurgel.

Inácio Bruno e Thatyane Bruno são casados e decidiram apostar nesse serviço diferenciado, formando o Casal Gourmet. Eles oferecem várias opções de menus, mas o carro-chefe do negócio são os frutos do mar. Sócios, eles trabalham há quatro anos nesse ramo. “Somos cozinheiros por paixão e nos aprimoramos em diversos cursos na área”, conta Inácio.

Batizados, aniversários, jantares entre amigos, noivados, casamentos e comemorações diversas estão na pauta da dupla, que atende toda a capital cearense e já cozinhou em domicílio em outros Estados. O casal pode ir até a casa das pessoas ou abrir as portas da própria residência para atender ao público, com data e hora marcadas. “Cada vez mais as pessoas estão deixando de sair de suas residências. Assim, esse serviço de catering está sendo mais procurado e a nossa proposta é tornar esse momento mais personalizado, com o estilo de cada cliente”, pontua o chefe Inácio.

A demanda está tão boa que Inácio sugere fechar uma data com antecedência de uma semana. Para fins de semanas, 15 dias antes é mais garantido. “Existe bastante trabalho para chefes em domicílio. Conheço vários colegas que atuam nesse mercado”, relata Rafael Gurgel.

Para contratar
É interessante o cliente já definir o que deseja para buscar o profissional mais adequado, orienta Rafael. As informações básicas são a quantidade de pessoas a serem recebidas, o cardápio, a estrutura que o cliente tem em casa ou onde será o momento gastronômico e o que o chefe terá que levar de equipamento. Com base nisso, o chefe faz um orçamento e detalha cada serviço oferecido, descreve Rafael Gurgel.

Ele informa que geralmente não se cobra por hora, mas pela especificidade do cardápio adotado. Quanto mais técnica e mais raridade no que se vai fazer, maior o valor. “É importante buscar referências do profissional e ter cuidado com o amigo do amigo que é chefe, mas não tem experiência. Esses vão te cobrar metade ou menos do que um verdadeiro profissional, mas o resultado e a qualidade geralmente estão ligados a esse valor, como em qualquer serviço”, destaca o profissional da gastronomia.

Rafael Gurgel explica que geralmente o cozinheiro ou chefe que oferece esse tipo de serviço já tem uma equipe formada por profissionais que, havendo a necessidade, são contatados para o serviço pontual. “Assistente, levamos na nossa equipe. Garçons são contratados por fora (equipe terceirizada)”, confirma Inácio Bruno, do Casal Gourmet. No caso da dupla, eles levam todos os insumos, louças, rosas e velas para decorar a mesa, além de copeira. A duração de todo o serviço é de quatro horas, com bebidas e garçons por conta do cliente, acrescenta Inácio.

Pitada de história
Uma das primeiras formas de atuação dos profissionais de gastronomia (cozinheiros, chefes e outros) foi como chefe em domicílio. Eles eram “funcionários fixos” das famílias governantes, satisfazendo suas necessidades de alimentação. Esse serviço começou a se profissionalizar em diversos países, como na corte chinesa e nos impérios romano e grego. Todos eles tinham profissionais que trabalhavam com produção de pão e demais alimentos. Essa profissionalização nasceu a partir de duas demandas: a necessidade de atingir a satisfação do paladar - geralmente rebuscado - dos imperadores e de suas famílias e a necessidade de cozinhar para uma grande quantidade de pessoas mantendo a qualidade nos sabores, nas texturas e nos conceitos, provenientes das diversas culturas alimentares.
FONTE: Chefe Rafael Gurgel, Professor do curso de Bacharelado em Gastronomia da UFC.