Obras mais rápidas, sustentáveis e com uma estética mais arrojada. O uso de contêineres navais é uma tendência que se expande no mercado da Construção Civil. Lojas, escritórios, restaurantes e moradias são algumas possibilidades de construção com contêineres. No canteiro de obras, essas estruturas representam redução de custos e de lixo.
Construção mais limpa
Financeiramente mais econômicas, de rápida execução e mobilidade, construções feitas de contêineres navais ou fabricados são uma demanda crescente. A vantagem dessa utilização também se deve ao fato de favorecer a redução de entulhos e outros materiais, deixando a obra mais limpa. “O contêiner na construção civil é de um aproveitamento muito bom”, observa o engenheiro mecânico Ricardo Petral, proprietário da Locsul Indústria, fabricante e montadora de estruturas provisórias com contêiner.
“Você tem um produto reciclado, que já foi utilizado para transporte e, ao mesmo tempo, faz com que haja preservação ambiental pelo fato de não ter que construir para gerar entulho e resto de obra”, afirma. Ricardo Petral destaca que o mercado já conta com várias soluções arrojadas com uso do contêiner na construção. Em canteiros de obra, por exemplo, as estruturas se tornam escritórios, banheiros, almoxarifados ou refeitórios. “Nós começamos com esta proposta, mas passamos a ver, com o tempo, que poderíamos fabricar casas, lojas, determinados produtos e oferecer para o mercado”, explica. “Hoje, temos lojas bem estilizadas que podem ser vendidas ou locadas, assim como hotéis, motéis, restaurante e uma infinidade de equipamentos utilizados na Construção Civil e na arquitetura da cidade. Eles são criados com mobilidade e facilidade de ser colocados de forma temporária em determinados locais”, pontua Ricardo Petral.
Outra vantagem é que o contêiner é modulável, possibilitando a montagem em diferentes combinações. Além disso, como o contêiner só precisa de um apoio de quatro pontas, pode ser removido e levado para outros lugares, permitindo a construção de estabelecimentos itinerantes. “São muitas soluções a serem ofertadas para o mercado, sempre unindo conceito de rusticidade, durabilidade e segurança do contêiner com a sofisticação da parte de conforto e acabamento internos”, reforça o engenheiro.
Resistência
Na Construção Civil, o contêiner marítimo é o mais comumente aproveitado. São estruturas de ferro, aço ou fibra, fabricadas para transporte de vários tipos de cargas. O contêiner marítimo tem vida útil longa – em média 92 anos – com resistência para suportar as diversas intempéries. Para utilização no mar, são permitidos em média somente 8 anos, sendo “descartados” depois disso. Depois que são aproveitados pela Construção Civil, a vida útil vai depender da manutenção dada. “Essa manutenção depende de soldagem de pontos de ferrugem e uma pintura boa com bom prime, boa base e uma boa tinta para garantir uma resistência à corrosão”, indica Ricardo Petral.
“Eu estimaria que, dependendo do local, eles podem durar uns 50 a 100 anos, sem problema. O que requer é manutenção, como qualquer imóvel”, aponta o gestor. Cuidados O isolamento térmico é um dos cuidados a serem tomados em projetos com contêineres. Definir onde o contêiner vai ficar é o primeiro passo. Já que ele é feito de aço, forte condutor de calor, não deve receber a luz do Sol diretamente. Além disso, é preciso pensar na ventilação e em formas de refrescar o ambiente para não depender apenas do ar-condicionado.
Caso contrário, não adianta fazer um projeto sustentável se haverá muito gasto de energia para refrigerar o ambiente. Outro cuidado é utilizar apenas materiais antichamas na obra. “Em termos gerais, a pessoa que habita uma unidade provisória feita em contêiner deve ter as mesmas preocupações e cuidados de quem está em uma habitação normal”, arremata Ricardo Petral.
Legislação
Em canteiros de obras, o uso de contêiner é permitido desde que se obedeça às normas estabelecidas pela NR-18, que determina medidas de proteção e prevenção de riscos aos trabalhadores.
“18.4.1.3. Instalações móveis, inclusive contêineres, serão aceitas em áreas de vivência de canteiro de obras e frentes de trabalho, desde que, cada módulo:
a) possua área de ventilação natural, efetiva, de, no mínimo, 15% (quinze por cento) da área do piso, composta por, no mínimo, duas aberturas adequadamente dispostas para permitir eficaz ventilação interna;
b) garanta condições de conforto térmico;
c) possua pé-direito mínimo de 2,40m (dois metros e quarenta centímetros);
d) garanta os demais requisitos mínimos de conforto e higiene estabelecidos nesta NR;
e) possua proteção contra riscos de choque elétrico por contatos indiretos, além do aterramento elétrico.”