Um ambiente bem decorado desperta o visual e causa sensações positivas. E as cores são, em parte, responsáveis por essa experiência. Os tons harmonizados podem mudar o humor das pessoas, estimular os sentidos e induzir ações. Esses princípios se tornam ainda mais importantes no contexto atual, de isolamento social por conta da crise do Covid-19, e da necessidade de muitas pessoas de trabalharem de suas casas. Portanto, há uma ampliação das atividades em sistema home office. Dessa maneira, fazer desses espaços locais agradáveis para se trabalhar ganha relevância.
“Por definição, cor é uma percepção visual da retina que transmite impressões para o nosso sistema nervoso, capaz de produzir efeitos físicos e emocionais ao observador. Sendo assim, podemos dizer que as cores, por meio desses estímulos variados, podem influenciar o nosso humor, o nosso comportamento e as nossas decisões”, explica Emanuelle Brito, arquiteta de edificações e de interiores.
Estímulos
Está comprovado que a utilização de certas cores na decoração também pode produzir ações e, dessa forma, contribuir para a produtividade. Neste momento de confinamento coletivo, em que é fundamental manter as pessoas motivadas em suas atividades dentro de casa, esse conceito tem grande utilidade. “A cor vermelha é considerada a cor da força, do poder e da paixão. Ao pintar uma parede de vermelho, ela irá nos parecer mais perto do que realmente está, causando-nos um efeito físico que aumenta nossa pulsação, que nos impulsiona a agir, estimulando nossos instintos de desejo, de amor e até mesmo o apetite. Por isso, vemos a predominância da cor vermelha e laranja nas áreas comerciais de alimentação”, explica Emanuelle Brito.
De acordo com a profissional, que atua há 16 anos no mercado, com especialização em construções residenciais, cada ambiente é favorecido por uma cor específica, mas o que determina a cor de cada espaço é a personalidade do cliente. Como exemplo, Emanuelle Brito ilustra o projeto de um home office que, a pedido da cliente, precisava ser um ambiente alegre, que despertasse a criatividade e o ânimo. “Pelo fato de sua profissão ser ligada a leis e conflitos familiares, ela queria um escritório que fosse o oposto de sua rotina. Nesse caso, a sensação do espaço foi o fator determinante”, explica.
Harmonia
Na decoração, as cores que mais determinam as sensações são as da parede, mas os outros elementos devem estar harmonizados. “Um ambiente bem trabalhado pode transmitir sensações por meio do piso, do teto, dos móveis e dos adornos. Tudo está relacionado, tudo deve se comunicar, e quando isso acontece, conseguimos ler os detalhes instintivamente”, argumenta Emanuelle Brito.
Equilíbrio é a palavra-chave, uma vez que o arquiteto precisa considerar o gosto do cliente, o senso estético e os estímulos sensoriais. “Busco uma harmonia entre sentir experiências e causar admiração. É possível obter ambos, porém, o senso estético deve sempre estar presente, pois o que todos buscamos baseia-se no que é belo”, pontua.
Saiba mais
Questão cultural
As cores podem causar efeitos distintos a depender da cultura e do lugar. “A percepção emocional das cores são aprendidas, nos são repassadas por meio de estímulos da sociedade em que vivemos e também de fatores ambientais e climáticos”, afirma a arquiteta Emanuelle Brito.
Isso explica porque para os países cristãos, de forma geral, a cor do luto é a preta, mas para o Japão e a China o luto é representado pelo branco, enquanto que na Tailândia o luto é representado pelo roxo. “Para um tailandês, decorar um ambiente com a cor roxa lhe causaria uma sensação fúnebre, enquanto que para um brasileiro o roxo ou o lilás representam as cores da espiritualidade, da meditação e da purificação, muitas vezes associados à cura. Por isso, ela é usada em ambientes de massagem e ioga”, destaca a arquiteta.