Desde que começou a "onda" desse tipo de iluminação em veículos, no Brasil, motoristas fizeram adaptações caseiras, desreguladas, impune de infrações. Agora, o cerco fechou
Para quem torcia que seu farol de xenon, colocado clandestinamente e que irritava os olhos do motorista que trafegava em direção contrária, é bom voltar a iluminação anterior, original, e "baixar o facho", pois a polêmica virou punição e tem número.
Isso tudo porque no início deste mês, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) publicou no Diário Oficial da União, a proibição do seu uso em todo o Brasil.
Porém, "como toda lei há sua brecha", o órgão abriu duas exceções para a utilização do acessório em veículos. Quais são elas? Modelos que já possuem iluminação original e para os carros novos, "zero-bala", isto é, com o item vindo de fábrica.
A Resolução 384 é clara e prevê que será possível colocar faróis de xênon apenas para substituir os defeituosos em modelos que já possuem a iluminação original de fábrica, já que os projetos passaram por aprovação. Os automóveis novos, com o item de fábrica, também estão liberados.
Segundo o Contran, a proibição, que já havia sido colocada em prática em 2009, mas tão logo foi liberada, foi novamente implantada por risco de provocar acidentes graves, já que os faróis, que iluminam cerca de quatro vezes mais que o normal, podem ofuscar a visão de outros motoristas na estrada.
Os motoristas que circularem com faróis de xênon irregulares, a partir de agora, em estradas brasileiras terão que pagar multa de R$ 127,69 e perderão cinco pontos Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por se tratar de uma infração grave.
As luzes de xênon viraram moda no país, principalmente pelos proprietários de veículos que praticam o tuning, por deixar o carro com um aspecto moderno e diferenciado dos outros. Boa parte deles são fãs do filme "Velozes e Furiosos". Os adeptos justificam a utilização dos faróis porque eles apresentam melhor visibilidade e conforto ao dirigir, todavia esquecem, que os faróis prejudicam os motoristas dos veículos que trafegam na direção contrária.
Riscos de acidentes
De acordo com o chefe de comunicação social da Polícia Rodoviária Federal, Darlan Antares, o risco de acidentes pode aumentar significantemente se a Lei não for cumprida rigorosamente. "Se qualquer carro puder ter o farol xênon, a situação vai complicar, pois a intensidade de luz pode causar danos aos olhos mais sensíveis e provocar acidentes de trânsito. A luz do xênon é bem mais intensa do que uma luz normal. Com esse ofuscamento, o motorista pode ficar de um a três segundos sem conseguir enxergar bem, o que já seria suficiente para causar um acidente", afirma.
Pouco de história
O Farol xenon ou xenônio possui reator elétrico e lâmpada com gás nobre chamado de xenônio que tem alto índice de luminescência. A cápsula de vidro da lâmpada de xenon é fechada evitando assim a saída do gás. O reator produz uma alta descarga elétrica, que faz as moléculas ficarem na frequência exata para produzir uma forte luz. A iluminação de uma lâmpada xenon é 200% maior que uma lâmpada halógeno, e possui dependendo da marca o consumo até 50% menor que as lâmpadas halógenos.
Os faróis xenon foram criados na Europa, mais precisamente na Alemanha, porém como a mão de obra na China, Taiwan e Coreia do Sul são muito mais barato algumas fábricas enviam os componentes a esses países para que seja montado lá.
É por esse motivo que grande parte dos kit´s de xenon são fabricados no oriente. Os kit´s xenon fabricados no oriente são tão bons quanto os fabricados na Alemanha. Pois são exportados a diversos países da comunidade europeia e países da América do Norte, atendendo assim as normas de todas essas regiões que são consumidos.
Especialistas falam dos perigos do farol de xênon
Na prática, sabemos que este tipo de farol apresenta melhor visibilidade e conforto ao dirigir, no entanto, desregulados, com uma intensidade maior que o comum, prejudica motoristas dos veículos que trafegam na direção contrária.
O oftalmologista Giuliano Pires, do Hospital de Olhos Leiria de Andrade, afirma que não existe, até o momento, um conhecimento que a luz possa causar problemas para o olho.
Porém, em algumas pessoas (motoristas no caso), a luz do farol de xênon pode causar uma espécie de "fotofobia", ou seja, uma sensibilidade a luz. "Isso é muito particular. Varia de pessoa para pessoa. Por exemplo, você pode entrar em uma sala qualquer e sentir que a luz do ambiente é forte e uma outra pessoa não achar a mesma coisa. O que nós já sabemos é que a luz é intensa, bem mais forte do que uma luz normal. Aí pode causar uma cegueira repentina, de três segundos, o que é necessário para causar acidentes".
Quem tem a mesma opinião é a oftalmologista Raquel Nogueira. De acordo com a especialista, até o momento, não tem conhecimento de que a luz do farol de xênon possa desenvolver algum mal para os olhos, no entanto, a oftalmologista acredita que sua intensidade pode encandear os olhos de forma rápida, o que nos motoristas podem ser perigoso.
"O que a luz do xênon pode causar instantaneamente é a mesma coisa quando você olha fixamente para o sol. De imediato, nós ficamos vendo halos que podem ser brancos ou coloridos ou flashes brilhantes. Coisa rápida, no entanto, em motoristas nas estradas pela noite pode ser fatal", explica a especialista.
Tolerância zero
O chefe de comunicação social da Polícia Rodoviária Federal, Darlan Antares, diz que infelizmente não sabe precisar dados sobre a incidência de colisões provocadas pelo equipamento luminoso.
"Fica difícil contabilizar porque essa especificação do carro não entra no registro do acidente", justifica. Mas garante que a norma será cumprida através das vistorias constantes da PRF nas blitze.
Fique por dentro
Riscos da luz azul
Além do trânsito, a luz azul está presente também nas lâmpadas de halogênio metálicos, utilizadas em supermercados, shopping centers e até residências, devido a sua durabilidade e baixo custo. Oftalmologistas revelam que além da escuridão repentina, a exposição dos olhos à luz azul pode causar dor de cabeça, enjoos, irritabilidade e desconforto. Motoristas que sentem esses sintomas devem procurar imediatamente um especialista para avaliar seu grau de sensibilidade à luz