A vereadora de Canguçu, no Rio Grande do Sul, Iasmin Roloff (PT), de 24 anos, afirma ter sido eleita contra a sua própria vontade para o posto de segunda vice-presidente da mesa diretora da Câmara Municipal. Pelo menos três parlamentares a escolheram para "embelezar a mesa", o que gerou reações da única mulher vereadora da cidade gaúcha.
Iasmin considera a justificativa dos colegas vereadores uma violência política de gênero. Ao O Globo, a petista relatou ter ficado "incomodada" com o critério de escolha adotado pelos demais.
"No momento, a sensação foi de inquietação, eu fiquei muito incomodada. Quando os vereadores, todos homens, fazem uma votação e usam como única justificativa a minha aparência, eu sendo mulher acho que se caracteriza como uma violência política de gênero", disse à reportagem.
O vereador Arion Braga (PP) foi o primeiro a fazer referência à aparência de Iasmin. Durante a votação, ele argumentou que "para embelezar essa mesa aí e dar um 'tchan' feminino, tem todo o nosso apoio".
O nome da vereadora foi novamente usado com a mesma justificativa pelos vereadores Silvio Neutzling (MDB) e Oraci Teixeira (PSB). Eles disseram que a parlamentar iria "embelezar a mesa".
Puxão de orelha
Na sequência, Iasmin Roloff pediu a palavra e chamou a atenção dos colegas. "Por favor, quando forem votar em mim, que votem pela minha capacidade intelectual, e não pela minha beleza".
O caso viralizou nas redes sociais e vereadoras do Rio Grande do Sul saíram em defesa de Iasmin, que não esperava tamanha repercussão.
"Não sabia que iria tomar essa proporção, mas acho importante. A gente sabe que tem muita mulher com capacidade de estar na política. Acho que a gente precisa se fortalecer como mulher na política, justamente para que essa situação não aconteça mais", refletiu.