O presidente Lula informou a articuladores nacionais que o Brasil deve se posicionar contrário a entrada de Venezuela no Brics. O país governado por Nicolás Maduro é um dos mais cotados para entrar no grupo. Há, ainda, outras 30 nações que sinalizaram intenção de participar da agremiação. As informações são do blog Daniela Lima, do g1.
Devido ao acidente doméstico sofrido pelo mandatário brasileiro no sábado (19), ele não participará presencialmente das tratativas presenciais do grupo que ocorre em Kazan, na Rússia.
O grupo reúne os países Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A rejeição da Venezuela no grupo ocorre após descumprimentos de acordos internacionais ao não realizar eleições limpas e auditáveis.
Atrito entre Lula e Maduro
Aliado histórico do chavismo, Lula tentou reabilitar Nicolás Maduro quando voltou ao Planalto, entrando em atrito com os presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Chile, Gabriel Boric, mais críticos ao regime. O petista chegou a relativizar o conceito de democracia para defender a Venezuela e culpou as sanções pela crise, ecoando a desculpa do regime.
As críticas, no entanto, se tornaram inevitáveis à medida que o regime passou a desrespeitar os Acordos de Barbados, com a promessa de eleições livres e justas na Venezuela, apoiada pelo Brasil. Lula passou a cobrar Maduro que respeitasse o resultado das eleições e se disse assustado com a ameaça de "banho de sangue" feita pelo ditador, ainda que em tom mais brando que outros países da região.
Passada a eleição, o governo brasileiro não reconheceu os resultados, insistindo que o Conselho Nacional Eleitoral deveria divulgar as atas, em posição combinada com a Colômbia.
Nicolás Maduro não gostou de ser cobrado pelo antigo aliado e passou a 'trocar farpas' públicas com Lula. Ele disse que os "gringos não têm moral" para interferir nos assuntos políticos venezuelanos e que ninguém se meteu no Brasil quando o ex-presidente Jair Bolsonaro contestou o resultado da última eleição, comparando a situação nos dois países enganosamente.
Apesar do tensionamento, Lula descarta romper relações com a Venezuela, como fez o seu antecessor, e mantém a posição contrária ao bloqueio econômico. Ele também não chama Nicolás Maduro de ditador, mas sinalizou que ele é "extremista".