União Brasil não dará legenda aos vereadores do partido para as eleições de 2024 em Caucaia; entenda

O episódio ainda deve render discussões, já que a parte afetada pretende recorrer

Nesta segunda-feira (9), uma postagem do presidente do União Brasil em Caucaia, Deuzinho Filho, repercutiu entre correligionários no município. A mensagem nas redes sociais dizia que os vereadores do partido não serão lançados à reeleição pela sigla em 2024. A medida já foi referendada há meses pelo colegiado, mas os parlamentares só tomaram conhecimento nesta data.

Em reação, a bancada na Câmara Municipal publicou uma nota reprovando a decisão e destacando o peso do partido na Casa. 

"Lamentamos profundamente o método antidemocrático com que Deuzinho Filho tem conduzido o partido em nosso município. Partido esse que, até então, sempre foi pautado pelo respeito a estes homens e mulheres que compõem quase 40% do legislativo (caucaiense)", diz a nota.

Ao Diário do Nordeste, o vice-prefeito explicou que a decisão não foi tomada de forma monocrática, sendo validada pelo diretório municipal e baseando-se no descompasso de posicionamento entre o partido em Caucaia e os vereadores.

Isso porque a bancada, composta por sete representantes, é toda da base do prefeito Vitor Valim (PSB). O próprio líder do governo é o vereador Vanderlan Alves, líder em votos nos últimos pleitos municipais. Contudo, outro segmento da legenda, que está no comando municipal, é da oposição. Deuzinho, por exemplo, é pré-candidato a prefeito contra Valim.

Segundo Deuzinho, o presidente estadual, Capitão Wagner, foi comunicado e deu-lhe total liberdade para gerir o partido na cidade. "A partir disso, a gente tomou as decisões necessárias", afirmou.

Capitão Wagner disse ao Diário do Nordeste que Deuzinho "tem autonomia para fazer o que o Estatuto e a lei permitir".

"Receberei o vereador Vanderlan que solicitou uma reunião comigo. Dialogarei com ambas as partes", afirmou.

Infidelidade partidária

Ainda nas palavras do vice-prefeito, diante desse cenário, "o diretório decidiu investir em novas lideranças", buscando uma "oxigenação total" do próprio União Brasil e do PP. Em Caucaia, este também é de oposição e deve formar chapa com Deuzinho no próximo ano. 

"Eles (os vereadores do União Brasil) não vivem o partido, não seguem as diretrizes do partido, é melhor eles procurarem um partido com que eles se identifiquem. Todos eles fazem parte da gestão do Vitor Valim e os dois partidos em Caucaia são de oposição", completa.

O ato de avisar pelas redes sociais a cerca de um ano das eleições serve, segundo ele, para ajudar os filiados na busca por novas agremiações, dando tempo hábil para isso. Na avaliação do gestor, a nota assinada pelos vereadores representa um movimento natural e válido, mas não reflete a realidade.

"Essa briga que eles querem travar comigo, eu não vou travar. Eles não seguem o partido, não votam em candidatos, não comparecem às reuniões do partido quando convidamos. Busquei diálogo e tenho muito respeito pelos vereadores, mas quando eu assumi o diretório, eles emitiram uma nota (desaprovando)", lembra.

Por esses motivos, disse que se os parlamentares quiserem deixar a legenda após essa decisão, a carta de anuência é certa. Assim, eles perderiam o vínculo partidário sem prejuízo aos mandatos. 

Embate continua

À reportagem, por outro lado, Vanderlan afirmou que o clima de tensão no partido inviabiliza encontros entre os filiados.

“Não tem reunião porque ele não tem diálogo algum com os vereadores. Todos os vereadores negam algum tipo de aproximação com ele. Ele tenta fazer algum candidato dele, o pai dele, e ele só consegue se esvaziar o partido”, afirma.

“O União Brasil se tornou o partido mais forte de Caucaia e foi montado com as nossas mãos. Ele está desmontando toda uma história de anos de trabalho. Nunca houve na história de Caucaia partido que tivesse 7 vereadores. [...] A gente representa e se identifica com o partido e simplesmente estamos sendo expulsos”, criticou o vereador.

Por isso, a bancada não deve se contentar com a medida do diretório municipal. Segundo Vanderlan, eles vão contestar a decisão nas instâncias partidárias, acionando Capitão Wagner e o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar.

Com o primeiro, alega que o diálogo ainda não foi firmado. "Liguei várias vezes hoje, mas ele rejeitou as ligações", diz. 

Se nada se resolver nesta etapa, a discussão vai para a cúpula da sigla. A expectativa é que se estabeleça uma conversa até a próxima semana, "assim que conseguir uma brecha na agenda do Bivar". Se nada se resolver nesses espaços, a questão poderá ser judicializada.