Dezenas de servidores públicos foram à Câmara Municipal de Fortaleza nesta quarta-feira (27) em protesto à Reforma da Previdência aprovada pela Casa em abril do ano passado. As alterações impultaram aos trabalhadores um aumento da contribuição previdenciária para 14%, tanto para ativos como para inativos e pensionistas.
Os descontos começaram a ser aplicados nos últimos meses e reacenderam nos servidores a insatisfação sobre a reforma.
Ana Cristina Guilherme, presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute), afirma que o percentual dificulta ainda mais a rotina da classe trabalhadora, que "já está difícil com essa inflação nas alturas, o aumento dos insumos, do gás, do combustível", citou.
Segundo a representante sindical, a proposta é mobilizar os vereadores para que eles possam intermediar uma mesa de negociação com a Prefeitura para a revisão dessa taxa.
Uma comissão parlamentar foi montada e recebeu ainda nesta quarta-feira (27) os trabalhadores. O vereador Gardel Rolim (PDT), líder da base governista, se comprometeu a levar as demandas da categoria para a Prefeitura e avaliar a possibilidade de solucionar parte das demandas.
"É uma prática da Câmara Municipal receber sindicatos e dialogar. O que fizemos agora foi isso. Recebemos o Sindfort [Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza] e o Sindiute. Ouvimos várias pautas, dentre elas, alguns ajustes no IPM, principalmente no IPM Saúde, e ficamos de levar essas demandas até o Governo, para discutir e ver se encontramos solução, pelo menos, para parte dessas demandas".
Plano de saúde
Uma das principais reivindicações dos servidores diz respeito à qualidade do serviço prestado pelo plano de saúde municipal, o IPM Saúde. De acordo com os sindicatos, o plano não atende devidamente aos usuários, sendo injustificado o aumento da contribuição previdenciária, nesse caso, de 2% para 6%.
Ana Cristina, do Sindiute, citou, por exemplo, a falta de médicos especializados, a demora na marcação de consultas e exames e a rede insuficiente de hospitais credenciados.
O Diário do Nordeste procurou a Prefeitura de Fortaleza e perguntou sobre a rede hospitalar atualmente disponível para os servidores e seus dependentes. Em resposta, o executivo municipal informou que dispõe de sete hospitais e clínicas que prestam atendimento de urgência e emergência na Cidade. São eles:
- Hospital Doutor Oswaldo Cruz (24hs);
- Casa de Saúde São Raimundo (24hs);
- Hospital Central (24hs);
- Hospital Uniclinic (24hs);
- Prontocardio, somente para emergências cardiológicas e após realização de triagem (24hs);
- Hospital da Criança - Centro de Prematuros do Ceará (24hs);
- Sociedade de Assistência e Proteção à Infância, Sopai (até 18hs).
Mobilização parlamentar
Para o vereador Guilherme Sampaio (PT), que participou da reunião com os servidores, "não é possível que, depois de toda uma vida de trabalho, as pessoas tenham ainda que empobrecer quando elas mais precisam do suporte da sua renda".
"Se a gente considerar que boa parte dos servidores acaba tendo que recorrer a créditos consignados, quando a gente soma os descontos, da previdência, do IPM Saúde, dos empréstimos consignados, muitas vezes, esses servidores estão sobrevivendo com 50% da sua renda", criticou o petista.
A comissão montada na Câmara para receber os profissionais foi composta pelos vereadores:
- Danilo Lopes (Avante);
- Pedro Matos (PL);
- Guilherme Sampaio (PT);
- Gabriel Aguiar (Psol);
- Lúcio Bruno (PDT)
- Adriana Nossa Cara (Psol).
O Diário do Nordeste também procurou a Prefeitura de Fortaleza para se posicionar sobre os protestos de forma geral contra a Reforma da Previdência e foi informado de que respondem pelo Governo na Câmara o líder Gardel Rolim e o vice-líder Professor Enilson (Cidadania).