O anúncio da aquisição de 3 milhões de doses da vacina CoronaVac para o Ceará, feito nessa terça-feira (10), pelo governador Camilo Santana (PT), marca também a consolidação de acordos diretos entre o Governo do Estado e farmacêuticas. Ao todo, o Estado investirá R$ 178,5 milhões na compra – a um custo de R$ 59 por dose.
Paralelamente, o chefe do Executivo cearense informou ainda que negocia a aquisição do imunizante da Pfizer. O anúncio ocorreu cerca de uma semana após a suspensão da compra da Sputnik V.
“Estou autorizando hoje os recursos para a compra de 3 milhões de doses da vacina CoronaVac para o nosso Ceará. Estamos negociando também com a Pfizer para a compra de mais vacinas. Só descansarei quando todos os meus irmãos e irmãs cearenses estiverem imunizados”
A negociação ocorre diretamente com o Instituto Butantan, de São Paulo. A aquisição, de acordo com o Governo do Estado, ocorre devido à distribuição irregular de imunizantes por parte do Governo Federal, que administra o Programa Nacional de Imunizações (PNI).
No caso da Pfizer, o governador cearense enviou, em junho deste ano, um ofício manifestando interesse em negociar a compra direta das vacina. Em dezembro do ano passado, o Governo do Estado havia procurado a empresa, mas, à época, a farmacêutica alegou que negociava com a União
Sem negócio
O fechamento de contratos diretos do Governo do Ceará chega justamente no momento em que imbróglios burocráticos e sanitários resultaram na revogação do acordo entre o Instituto Gamaleya para a aquisição de vacinas Sputnik V.
Em 16 de março deste ano, o governador Camilo Santana sancionou a lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Ceará que permitia a compra de 5,8 milhões de doses da vacina russa.
Em junho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu autorização excepcional para uso do imunizante. A importação foi aprovada sob condições controladas, como o uso exclusivo para indivíduos adultos saudáveis e com a a Anvisa podendo, a qualquer momento, suspender a importação, a distribuição e o uso das vacinas importadas. A autorização também previa a importação de doses para atender apenas 1% da população.
A chegada das primeiras doses chegou a ser anunciáda para o último dia 28 de julho. No entando, no último dia 5 de agosto, o impasse chegou ao fim.
“Informo aos cearenses que o Governo do Ceará, juntamente com os outros governadores do Nordeste, decidiu suspender o contrato de compra da vacina Sputnik V, que previa mais de 5,5 milhões de doses para o nosso Estado. Isso ocorre devido a novas limitações impostas pela Anvisa, do Governo Federal, que desde o começo desse processo tem colocado sucessivas barreiras para a efetivação da importação e uso da vacina"
Para o epidemiologista Edson Teixeira, a decisão dos governadores foi acertada. “Me preocupei com a decisão porque seria quase um estudo clínico em quantidade pequena de pessoas saudáveis. Os dados relativos à segurança (da vacina) não foram testados no Brasil, foram oferecidos pelo Instituto Gamaleya, então há uma sequência de coisas que colocou em dúvida a qualidade e eficácia do imunizante”, disse.