Em análise do cenário eleitoral em Fortaleza, o senador Cid Gomes (PDT) projeta que, se mantida a atual configuração do PDT na capital cearense, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) pode acabar sendo o candidato do partido à Prefeitura. A avaliação dele é de que o ex-prefeito é encarado como um "candidato com maior potencial" do que o atual prefeito José Sarto (PDT).
A análise do senador parte do desempenho de Roberto Cláudio em pesquisas já realizadas — nas quais figura na segunda colocação, contra a terceira colocação obtida por Sarto —, mas também no fato de que a "média do sentimento das pessoas é que o Roberto Cláudio é melhor candidato que Sarto". "Eu não fiz pesquisa para isso não", completa. A declaração foi dada em entrevista exclusiva de Cid Gomes à live do PontoPoder nesta sexta-feira (20).
O fiel na balança, neste caso, serão os vereadores, aponta o senador. "Quem são os principais atores principais em uma eleição? A meu juízo, são os vereadores. Eles que vão estar com pescoço na guilhotina, em que uma candidatura majoritária com desempenho ruim vai prejudicar a eleição deles", argumenta.
"Se coloque na situação de um vereador da Serrinha (bairro de Fortaleza), do PDT, que vai ser candidato à reeleição e que, no partido, hoje, tem dois nomes, que são o atual prefeito Sarto e o ex-prefeito Roberto Cláudio. Eu não fiz pesquisa para isso não, mas a média do sentimento das pessoas é que o Roberto Cláudio é melhor candidato que Sarto. Se eles têm um candidato melhor, por que eles vão para a eleição com um candidato que não é tão bom quanto?"
Cid considera ainda que, somando isso a pesquisas realizadas, que mostrariam um melhor desempenho de Roberto Cláudio, o cenário deve levar os vereadores a "ponderar". Seria, apra ele, "uma demonstração de que o Roberto Cláudio é um candidato com maior potencial do que o Sarto".
'Utopia' para Fortaleza
Esse, contudo, não é o cenário ideal para o senador. Cid defende uma tese mais 'utópica' para a disputa eleitoral na capital cearense: "O que eu defendo, na minha utopia, é que o PT apoie um candidato do PDT para prefeito", destaca. Um processo que poderia transformar Fortaleza no "exemplo da retomada" da aliança entre os dois partidos. Mas quem seria o candidato, neste caso? "Aí eu vou para uma máxima minha que procuro exercer sempre: nome é consequência, não deve ser a razão primeira", desconversa o senador.
"Primeiro, discute-se um projeto. O projeto é a gente dar uma mexida em Fortaleza, inspirar mudanças positivas pra cidade, discutir um plano urbanístico, um plano de trânsito, fazer um grande processo de discussão do que se quer para Fortaleza, vê-se os partidos que estarão juntos e, por último, o nome".
Para o senador, a discussão deve ser movida por "projetos coletivos" e não "projetos pessoais". "Nome é consequência, porque nome já pressupõe interesse pessoal, vaidade, qualidades e defeitos", aponta. Ele destaca que essa reaproximação em Fortaleza — onde PT e PDT estão rompidos há mais de uma década — encontra ainda mais força na aliança nacional entre os partidos, além do amplo apoio de pedetistas ao Governo Elmano de Freitas (PT).
Contudo, o próprio Cid admite que este plano é uma "utopia para a realidade que a gente vive", principalmente devido aos "principais atores da decisão" sobre as candidaturas.
"Se depender só do Diretório Municipal do PT e do Diretório Municipal do PDT, cada um tem um candidato e os dois vão se digladiar e um vai escolher o outro como principal adversário, vão deixar o Wagner de lado, vão esquecer o Wagner", diz em referência ao ex-deputado federal Capitão Wagner, que já anunciou que deve concorrer à Prefeitura de Fortaleza em 2024, pela terceira vez.
Apesar de entender o cenário que desenha como utopia, ele aponta caminhos para o entendimento entre os partidos. "O que eu defendo é que a gente, com mais razoabilidade, estadual e nacionalmente, possamos fazer ver que Fortaleza é estratégica, que isso está incluído em um projeto de estado e de aliança nacional e que não pode ficar se digladiando internamente, até porque temos muita afinidade no campo ideológico. Eu defendo que o PT apoie um candidato do PDT", afirmou Cid.