Vítima de um atentado com faca na tarde deste domingo (28), em um restaurante de Camocim, o vereador César Araujo Veras tinha 52 anos e era dono de uma carreira política que acumulava quatro mandatos no Legislativo do município, localizado no Litoral Norte do Ceará.
A primeira vez que foi eleito, em 2004, chegou ao cargo como um membro do Partido Popular Socialista (PPS), o atual Cidadania, sua primeira sigla. Esteve na cadeira de 2005 até 2008. Na eleição seguinte não se candidatou e, somente em 2013, voltou para o Parlamento local para sua segunda passagem, desta vez pelo Solidariedade.
Em 2017, emplacou uma terceira legislatura — sendo esta consecutiva —, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Durante o terceiro mandato, além de parlamentar, foi presidente da Câmara Municipal de Camocim, tendo sido o chefe do Legislativo entre 2019 e 2020.
A eleição para vereador se repetiu em 2020, também pelo PDT. Ele completaria o quarto ano na Casa Legislativa no fim do ano e era pré-candidato na cidade, agora filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), para onde migrou no início de abril, durante a janela partidária.
Por duas oportunidades, entre 2015 e 2017 e depois entre 2017 e 2019, o político foi dirigente da União de Vereadores do Ceará (UVC), entidade que representa a classe política de legisladores municipais. Pela condução da instituição, foi nomeado como presidente de honra, função que exercia até os dias atuais.
Na atual legislatura, César Veras era líder do governo da prefeita Betinha (PSB), na Câmara Municipal de Camocim.
Graduado em Administração, o vereador era casado e deixou três filhos. Sua carreira profissional fora da vida pública era voltada para a administração de empresas. Ele também atuava como corredor.
Segundo o vice-presidente do PSB Ceará, Elias José, Veras esteve no partido por duas oportunidades e em ambas esteve acompanhando o senador Cid Gomes, de quem era aliado. “Era alguém que qualquer partido do campo democrático teria a honra de ter em seus quadros”, definiu o dirigente partidário.
Atual presidente da Câmara, Emanoel Vieira (PDT) relembrou a trajetória e destacou um aspecto da condução política do colega, o diálogo. “Tinha relações com políticos de todas as alas partidárias no estado. Ele deixa um legado”, completou.
Luto de sete dias e velório
Em razão da morte do ex-presidente, a Câmara Municipal decretou luto oficial de sete dias. Durante o período, todas as atividades legislativas e parlamentares ficarão suspensas. Só estarão mantidos os expedientes internos da secretaria e da tesouraria.
O velório de Veras acontecerá até às 17h desta segunda-feira, na Quadra do Instituto São José, em Camocim. O sepultamento será realizado logo depois, no Cemitério São José.
O que se sabe sobre o caso
Segundo testemunhas, o suspeito de ter cometido o assassinato é um garçom que trabalhava no restaurante onde o crime aconteceu. Ainda segundo os relatos, não houve nenhuma discussão ou briga antes do esfaqueamento. Funcionários do estabelecimento acreditam que o suspeito possa ter “surtado” antes de golpear as vítimas.
No mesmo dia do ocorrido, o governador Elmano de Freitas (PT) confirmou a prisão do suspeito. “Determinei rigor máximo na apuração dos fatos. Nossas forças de segurança já prenderam o suspeito, que será colocado à disposição da Justiça”, disse em publicação neste domingo.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) confirmou que o suspeito é garçom no restaurante onde ocorreu o crime e foi preso com a arma usada para esfaquear as três vítimas. Ele foi preso por agentes do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) da Polícia Militar.
Ele foi conduzido para a Delegacia Regional de Sobral e autuado em flagrante por homicídio qualificado por motivo fútil e sem chance de defesa e por duas tentativas de homicídio qualificado. A Polícia Civil segue com a investigação em andamento para descobrir a motivação do crime.