Prefeitos eleitos do PT no Ceará irão governar o dobro da população administrada pelo PSB

Os dois partidos foram os que mais elegeram prefeitos e prefeitas no Ceará em 2024

Dois partidos lideram, com folga, o número de prefeituras conquistadas nas eleições municipais de 2024 no Ceará: PSB e PT. A primeira, liderada pelo senador Cid Gomes (PSB), elegeu 65 prefeitos e prefeitas em todo estado. A legenda petista, cujo principal líder é o ministro da Educação Camilo Santana (PT),  por sua vez, terá 47 gestores municipais no Ceará. 

Apesar do PSB ter boa margem de diferença em número de prefeitos eleitos, a população que será governada pelo PT, a partir de janeiro de 2025, é o dobro daquela que vive nas cidades conquistadas pelo PSB. 

No total, pouco mais de 3,76 milhões de pessoas vivem nos municípios cearenses que elegeram prefeitos ou prefeitas petistas. Cerca de 64,4% desta população pertence apenas a Fortaleza — vitorioso no 2º turno das eleições na capital cearense, Evandro Leitão (PT) irá governar para mais de 2,42 milhões de pessoas a partir de 1º de janeiro. 

Os gestores pessebistas devem, por sua vez, governar mais de 1,87 milhão de cearenses, quando somadas as 65 prefeituras conquistadas pelo partido em 2024. A maior cidade que será administrada pelo PSB será Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza. Os maranguapenses reelegeram Átila Câmara (PSB) para a Prefeitura — primeiro prefeito reeleito da história do município. 

O cientista político Cleyton Monte, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que tanto ter um amplo número de prefeituras como gerir cidades com populações maiores é relevante para partidos. 

No entanto, no Ceará, ter a administração de municípios importantes confere "mais poder de fogo" na correlação de forças políticas do estado. 

"Se a gente pensar a nível estadual, ou seja, na correlação de forças do Estado, é mais importante ter prefeituras relevantes, prefeituras que administram um maior número de habitantes, consequentemente tem mais acesso a fundos, a recursos, tem um poder político maior. O partido que tem acesso a prefeituras relevantes, tem mais poder de fogo de negociar", resume.

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De olho em 2026, mas também em 2028

Os resultados eleitorais em 2024 devem ser colocados na mesa de negociações seja para a discussão de cargos em disputa agora — como as presidências da Assembleia Legislativa do Ceará e da Câmara Municipal de Fortaleza ou mesmo a vaga no Tribunal de Contas do Estado do Ceará — como na definição das candidaturas daqui a dois anos, quando serão disputadas as eleições gerais. 

Em 2026, o governador Elmano de Freitas (PT) e a vice Jade Romero (MDB) poderão tentar a reeleição, mas existem outras candidaturas visadas por partidos políticos da base do Governo do Estado. Um exemplo são as duas vagas para o Senado Federal — as cadeiras ocupadas hoje por Cid Gomes e Eduardo Girão estarão em disputa. 

Mesmo a formação das chapas proporcionais, ou seja para deputados federais e estaduais, entram no cálculo, pontua Monte. "E quanto mais gestões, quanto mais prefeituras o partido tem, mais ele pode pleitear candidaturas estaduais", completa o cientista político. 

"Quanto mais presente nas prefeituras... Porque os prefeitos são cabos eleitorais importantes. Um prefeito eleito representa uma máquina administrativa que pode estar a serviço do governo, pode estar a serviço de um candidato a deputado estadual, deputado federal, então isso é muito importante nas estratégias de 2026".
Cleyton Monte
Cientista Político e pesquisador do Lepem/UFC

Neste caso, ter mais prefeitos eleitos — mesmo que não a maior população sob administração das prefeituras — tem importância estratégica, principalmente na capilaridade alcançada pelo partido, o que fortalece a instância partidária e torna a sigla relevante dentro do arco de alianças do Governo. 

"Um partido que tem prefeituras em todas as regiões do Ceará, ele tem uma capilarização política. Por mais que ele não administre uma grande gestão, ele está presente em todas as regiões. Isso é importante para a logística de uma campanha", pontua.

"É importante também para a questão de formação de lideranças. Geralmente um prefeito, mesmo uma prefeitura pequena, ele influencia a Câmara Municipal, ele pode fortalecer o partido local. É porque a gente pensa as eleições de uma forma às vezes muito pontual e a curto prazo, mas um partido está sempre articulando uma mensagem para duas, três eleições, então ele pensa em 2026, mas também em 2028. Então a capilarização nesse sentido é muito importante numa disputa para o governo".
Cleyton Monte
Cientista Político e pesquisador do Lepem/UFC

PSD, Republicanos e PP

PSD, Republicanos e PP fecham os cinco primeiros partidos com o maior número de prefeitos eleitos em 2024. 

Com a vitória de Naumi Amorim (PSD) em Caucaia, o partido liderado pelo ex-vice-governador Domingos Filho (PSD) passou a ser o terceiro em número de prefeitos eleitos. No total, o PSD elegeu 16 prefeitos — somados, os municípios possuem uma população de 728.672 pessoas. 

Republicanos e PP vem na sequência, com 14 e 13 prefeituras eleitas, respectivamente. A população que será governada por prefeitos dos dois partidos também é numericamente próxima. 

Os prefeitos do Republicanos irão administrar cidades onde vivem, no total, 259.055 pessoas. Por sua vez, os gestores do PP irão administrar municípios cuja população somada é de 352.667 pessoas.