Ministério quer fomentar empreendedorismo entre beneficiários do Bolsa Família, diz Wellington Dias

Um programa de inclusão socioeconômica, com capacitação e linha de crédito para quem deseja empreender, deve ser lançado até agosto pelo MDS para famílias em situação de baixa renda

O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), Wellington Dias (PT), disse, em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, que o Governo Federal irá lançar um programa para gerar emprego e fomentar o empreendedorismo entre os beneficiários do Bolsa Família. A medida deve abranger as famílias de extrema pobreza, pobreza e baixa renda inscritas no CadÚnico. O programa de Inclusão Socioeconômica deve ser lançado até agosto. 

A cerimônia, inclusive, deve ocorrer no Ceará — já que o Estado "saiu na frente" ao lançar o programa assistencial 'Ceará Sem Fome', na última sexta-feira (16), no Centro de Eventos. Na data, Wellington Dias prestigiou a distribuição dos cartões-alimentação de R$ 300 para 45 mil famílias cearenses com renda per capita de até R$ 168 mensais. A iniciativa é totalmente financiada pelo Governo do Estado e não impacta no recebimento do Bolsa Família, por exemplo. 

"O Ceará vai tirar proporcionalmente mais famílias da extrema pobreza que outros estados brasileiros. Então, vai ter uma boa disputa: quem é que primeiro tira mais gente da extrema pobreza e da pobreza? E eu virei aqui ao Ceará para que a gente possa lançar o programa de Inclusão Socioeconômica. A transferência de renda é um socorro emergencial, é aquele peixe na parábola do peixe. Mas nós vamos ter que ensinar a pescar, viabilizar os equipamentos e viabilizar as condições de uma estrutura de renda a partir da 'pesca'" 
Wellington Dias (PT)
Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social

Em janeiro, no início da terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Wellington Dias disse que o Ceará seria referência para o Governo Federal nas políticas sociais. A presença do ministro no lançamento do 'Ceará Sem Fome' demonstra a importância do Estado para o Poder Executivo Federal. Essa foi a segunda visita do titular do MDS à Terra da Luz em menos de um mês.

Linha de crédito e qualificação 

De acordo com Wellington Dias, o objetivo do novo programa Inclusão Socioeconômica é retirar, inicialmente, 2 milhões de famílias da pobreza por meio de emprego e empreendedorismo. Para isso, serão ofertados cursos de qualificação e também linhas de créditos para quem desejar empreender.  

"Então, a partir de agora, a gente vai trabalhar um grande plano de qualificação, voltado para o público do Cadastro Único e integrado com municípios, estados, Governo Federal e setor privado, onde alguém vai contratar alguém — e que tal se contratar pessoas, famílias, que estão no Bolsa Família? São milhões e querem trabalhar", destacou o ministro. 

Para aqueles que desejarem empreender, o Governo está preparando uma linha de crédito especial, a ser ofertada a partir de parceria com o Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES, bancos privados, estados e agências de fomento. 

"Alguém que tem talento, sabe empreender, quer botar uma lanchonete, quer produzir melancia, o outro que quer trabalhar com um portal na internet, a gente vai apoiar. A gente vai apoiar o público do Bolsa Família, do Cadastro Único, com um crédito. Banco do Nordeste vai participar, Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES; nós estamos chamando bancos privados, os estados, as agências de fomento para que a gente possa a partir desse programa tirar, inicialmente, 1 milhão de famílias da pobreza pelo emprego e outro 1 milhão pelo empreendedorismo" 
Wellington Dias (PT)
Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social

Brasil Sem Fome

Ao Diário do Nordeste, o ministro destacou que o programa Inclusão Socioeconômica busca ampliar as ações de assistência social de combate à insegurança alimentar. A medida faz parte do 'Brasil Sem Fome' — conjunto de políticas desenvolvidas para conjuntamente para retirar o País do Mapa da Fome.

O Brasil voltou a figurar o Mapa da Fome da ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015, com um agravamento após a pandemia da Covid-19 a partir de 2020. Dados do Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil, divulgado em 2022, apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer 

"A fome tem pressa, e eu vi aqui que o Ceará sai na frente. Ao lançar aqui, por iniciativa do governador Elmano, o Ceará Sem Fome, a gente está precedendo um grande programa que é o Brasil Sem Fome. O presidente Lula determinou a gente trabalhar além da segurança alimentar e nutricional, além da rede da assistência social, que é integrada com outros 32 programas, ter esse olhar para a renda e para combater a fome. Nesse trabalho, a gente tem um programa muito potente que é o Bolsa Família, colocando a cada mês R$ 14 bilhões na economia do Brasil, pelas mãos dos mais pobres, só pelo Bolsa Família, e mais aproximadamente R$ 5,2 bilhões para o programa do Auxílio Gás, o BPC, ou seja, com programas que também são importantes e complementares", destacou Wellington Dias.