Em conversa por telefone com uma de suas filhas, registrada no último dia 9 de junho, Milton Ribeiro falou que recebeu uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL) dizendo temer ser alcançado pela investigação da Polícia Federal contra o ex-ministro da Educação. Informações foram publicadas na tarde desta sexta-feira (24) pelo G1.
"Hoje, o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento, novamente, que eles [policiais] podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?", disse Ribeiro na ligação.
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Sua filha perguntou: "Ele quer que você pare de mandar mensagens?". Milton respondeu: "Não! Não é isso. Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão. Em casa, sabe... é... é muito triste. Bom, isso pode acontecer, né? Se houver indícios", completou o ex-gestor.
Pouco após a menção ao presidente, conforme a transcrição do áudio, a filha alerta ao pai que está ligando para ele do telefone pessoal. "Tô te ligando no celular normal, viu, pai?". Ribeiro, então, dá sinais de querer encerrar conversa. "Ah, é? Ah, então, depois a gente se fala, tá?".
Contudo, antes de encerrar, de fato, o contato telefônico, ambos voltam a comentar sobre Bolsonaro. "Pressentimento... ele falava em pressentimento e tal...", refletiu Ribeiro.
Investigação
De acordo com o G1, a Justiça Federal de Brasília, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) materiais da investigação sobre o ex-ministro da Educação. A suspeita é de que ele e pastores tenham envolvimento em esquema para liberação de verbas da pasta.
No material, estão conversas do ex-ministro com outras pessoas, gravadas com autorização judicial, e que, segundo os procuradores do MPF, apontam interferência do presidente Bolsonaro na investigação.
Prisões e solturas
Milton Ribeiro foi preso preventivamente pela Polícia Federal na última quarta-feira (22) em Santos, litoral de São Paulo. O mandado judicial expedido contra o então ministro citou o envolvimento dele com os crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
O ministro foi solto um dia depois, na última quinta (23).