O presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou, em evento nesta sexa-feira (15), o ex-mandatário Jair Bolsonaro, afirmando que ele "até hoje não reconhece a derrota" nas eleições de 2022.
As afirmações ocorrem em meio as suspeitas de uma tentativa de golpe de estado pelo ex-presidente. "Eu não queria falar o nome dele, mas é negação, até hoje não reconhece a derrota dele. Ele fala 'não sei como perdi'. Não sabe como perdeu porque ele gastou quase R$ 300 bilhões e achava que não ia perder, e perdeu", disse Lula no Rio Grande do Sul.
Nesta sexta, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo dos depoimentos de militares e civis à Polícia Federal sobre as intenções golpistas.
Depoimentos
Em um dos depoimentos divulgados com a quebra do sigilo, Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, afirmou que Bolsonaro teria se demonstrado "assustado" quando foi informado de que os institutos jurídicos usados a minuta do golpe não serviriam para mantê-lo no poder após o dia 1º de janeiro de 2023.
Além disso, ele confirmou, a informação teria sido esclarecida ao ex-presidente em uma reunião, enquanto o comandante do Exército, Freire Gomes, também "tentava convencer o então presidente a não utilizar os referidos institutos". As aspas são provenientes do depoimento divulgado.
Baptista Junior alega que Bolsonaro chegou a consultar a Advocacia Geral da União (AGU) sobre uma "alternativa jurídica" para contestar o resultado das eleições. A conversa em questão ocorreu em uma reunião no Palácio da Alvorada no dia 1 de novembro de 2022.
O brigadeiro do ar também reforçou que tanto ele como o general Freire Gomes e Bruno Bianco "expuseram" que em todos os testes realizados "não constataram qualquer irregularidade".
Ainda conforme Baptista Junior, Bolsonaro demonstrou "resignação" com a derrota eleitoral no início, mas essa percepção mudou em 14 de novembro de 2022, quando ele foi apresentado a um estudo do Instituto Voto Legal (IVL) que questionava o desempenho das urnas eletrônicas.
O instituto citado pelo ex-comandante da Aeronáutica foi contratado pelo PL para monitorar as eleições. Assim, Bolsonaro passou aparentar "esperança em reverter o resultado". Apesar disso, teria sido advertido de que o estudo "não tinha embasamento técnico".