O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, em entrevista, nesta sexta-feira (5), no 17° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo (Abraji), disse que convidou de "boa fé" as Forças Armadas para integrarem a Comissão de Transparência Eleitoral, quando estava à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e não avalia ser um erro o chamado. Essa participação tem sido usada por Bolsonaro para levantar suspeitas sobre as urnas eletrônicas.
"Eu não tenho nem medo das forças armadas, nem preconceito. É uma instituição do Estado como é o Tribunal de Contas e os outros. Eu trato com respeito, como trato todo mundo", afirmou.
O ministro, que presidiu o TSE até fevereiro de 2022, chegou a ser questionado se foi um erro o convite aos militares para integrarem a Comissão de Transparência Eleitoral. E reiterou que não avalia assim.
Ele explicou que, em 2019, o TSE formalizou em uma resolução, a partir de um Grupo de Trabalho, o chamado às entidades fiscalizadoras das eleições, como Polícia Federal, militares e Ministério Público, dentre outras, a partipação. "O GT sugeriu essa participação", destacou.
A inclusão das forças armadas no processo gerou alguns ruídos, pois, campanhas de desinformação direcionadas à segurança das urnas têm instrumentalizado essa participação para amplificar desconfiança, embora não se tenha elementos concretos.
O ministro acrescentou ainda que o presidente Jair Bolsonaro - que de forma recorrente levanta suspeita sobre as urnas, ainda que sem provas -, só tem se comportado assim "depois das eleições de 2020". "O presidente passou a atacar depois que foi eleito", completa.
Conforme Barroso, a Comissão de Transparência Eleitoral tem representantes de 12 instituições, dentre elas: universidades, Ministério Público, Forças Armadas e Tribunal de Contas.
"Nós sugerimos os representantes de cada entidade. Liguei para o General Braga Neto e sugeri o almirante Marcelo Gurgel. Que era a pessoa ideal. E foi a única instituição que não aceitou o nome que sugerimos".
De acordo com ele, as 80 perguntas mandadas, em fevereiro, pelas Forças Armadas sobre questões técnicas das urnas foram respondidas detalhadamente.
Além disso, falou sobre o pedido dos militares, feito este mês, de acesso ao código-fonte das urnas que serão usadas no pleito desse ano. O Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, solicitou urgência na resposta. Mas, explica Barroso, o acesso aos códigos-fonte foi aberto em outubro de 2021, um ano antes da eleição, e as Forças Armadas já poderiam ter acesso.