Em lados opostos no Ceará, DEM e PSL vão manter presidentes separados até fusão ser homologada

O "União Brasil" foi formalizado nesta quarta (6), após convenção entre as executivas dos dos dois partidos

A fusão do DEM e do PSL foi formalizada em convenção realizada pelos dois partidos nesta quarta-feira (6). A decisão foi confirmada por unanimidade pelas executivas do PSL, enquanto no DEM, apenas o Rio Grande do Sul foi contrário. A junção dos dois partidos, formando o União Brasil, deve resultar em disputa no Ceará. 

No estado, as duas legendas têm posições antagônicas: enquanto o PSL é oposição ao governador Camilo Santana (PDT) e ao grupo político liderado pelos Ferreira Gomes, o DEM faz parte do arco de alianças governistas. 

O comando do novo partido no Ceará deve ser, portanto, alvo de disputa política entre as duas principais lideranças dos partidos. De um lado, o presidente estadual do DEM, Chiquinho Feitosa, e do outro o deputado federal Capitão Wagner, que, apesar de ainda estar filiado ao Pros, comanda a legenda pesselista no Ceará. 

"Eu estou participando diretamente das tratativas para definir quem vai liderar, mas já adianto que os dois terão grande influência nos rumos da sigla aqui no Ceará", ressalta o deputado federal Heitor Freire, integrante da Executiva nacional do PSL. 

Disputa pelo comando do partido

O dirigente demista fez questão de ressaltar que, até a fusão entre DEM e PSL ser homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os diretórios estaduais das duas legendas mantêm os respectivos presidentes. 

"Os partidos continuarão sendo comandados pelos seus respectivos presidentes estaduais até homologação do Superior Tribunal Eleitoral", escreveu em seu perfil no Instagram, pouco depois da formalização da fusão. 

Esse não é o primeiro movimento de Chiquinho Feitosa para assegurar o comando da nova sigla no Ceará. No dia 15 de setembro, ele esteve com o presidente nacional do DEM - e agora, secretário-geral do União Brasil - ACM Neto. Segundo fontes, uma das pautas foi o impasse local. 

Na época, no entanto, a fusão ainda estava sendo articulada e não havia sido confirmada pelas duas legendas. 

Eleições 2022

Do lado do PSL, conseguir o comando da nova legenda também pode ser fundamental para a disputa pela sucessão do governador Camilo Santana. Pré-candidato ao Palácio da Abolição, Capitão Wagner iria se filiar ao PSL - assim como outros parlamentares do seu grupo político. 

Apesar de ser cotado, inclusive pela Executiva nacional, como uma possível filiação para o União Brasil, a articulação a nível local deve ser fator determinante para a definição. 

No total, dirigentes nacionais do DEM e PSL projetam entre 10 e 12 candidatos aos governos estaduais pela nova sigla. "O partido pretende nascer com força nos estados", ressaltou ACM Neto.

Formalização da fusão 

Com a fusão, o novo partido terá a maior bancada da Câmara Federal, com 82 deputados, além de quatro governadores, oito senadores e as maiores fatias dos fundos eleitoral e partidário. Será a primeira vez em 20 anos que a direita reúne tantos parlamentares em uma única agremiação.

O presidente da legenda será o atual presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), e a secretaria-geral ficará com ACM Neto, que hoje comanda o DEM. Para ser oficializada, a criação do União Brasil ainda precisa do aval do Tribunal Superior Eleitoral. 

A expectativa dos articuladores da fusão é que o tribunal dê a permissão até fevereiro do ano que vem.

"O União Brasil já nasce como o maior partido de direita do país, uma direita moderada e equilibrada, que terá mais força para trabalharmos reformas e pautas importantes para o crescimento do Brasil". 
Heitor Freire
Deputado federal

Antes da decisão final dos dois partidos, as direções do DEM e do PSL se reuniram separadamente para aprovar a fusão. Apenas após a decisão, foi que os dois partidos se reuniram. 

A união é vantajosa para o DEM por causa do aumento do fundo partidário. Para o PSL, partido que cresceu repentinamente ao abrigar a eleição presidencial de Jair Bolsonaro em 2018, com quem depois rompeu, os principais atrativos são a capilaridade regional e estrutura que a outra sigla pode oferecer.

Com a formalização, será criada uma comissão provisória para organizar os diretórios em cada estado. O Ceará não é o único a ter impasses sobre o comando na nova legenda. Rio e São Paulo são outros diretórios em que deve haver disputa dentro da nova sigla. 

"Já estamos tratando a composição dos estados e como cada um vai ficar. Vamos instituir novas comissões provisórias e o caminho é sempre o do diálogo", ressaltou ACM Neto.