Candidato a vice-governador na chapa liderada por Roberto Cláudio (PDT), Domingos Filho (PSD) fez duras críticas ao ex-governador Camilo Santana (PT) a quem acusou de "soberba". Ex-aliado do petista, Domingos Filho afirmou ainda que houve "ingratidão" no processo que levou ao rompimento da aliança e acusou o PT de ser um "partido predador".
Ele citou que havia um entendimento no qual o PT iria indicar - dentro da aliança governista - o candidato ao Senado, enquanto caberia ao PDT a escolha do candidato ao Governo do Ceará. "Infelizmente, a soberba do ex-governador Camilo Santana fez com que ele e o PT quisessem apontar tudo", criticou.
."Foi um processo de isolamento pensado. (...) Não se acreditava que fizesse com o PDT, porque é uma linha de ingratidão inimaginável. É um partido (PT) extremamente predador que quer ocupar todos os espaços em detrimento dos demais. Isso fez com que houvesse uma apartação"
As críticas foram feitas durante entrevista de Domingos Filho a Verdinha e TV Diário. Ele é o primeiro dos candidatos a vice a participar da série de entrevistas que integra a cobertura eleitoral do Sistema Verdes Mares em 2022.
A disputa pelo apoio de prefeitos
O candidato a vice também fez acusações contra o ex-governador Camilo Santana - que agora concorre ao Senado Federal - a respeito da adesão de prefeitos cearenses a chapa do candidato ao Governo do Ceará, Elmano de Freitas (PT).
Domingos Filho citou decisão desta segunda-feira (5) do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) na qual foi suspensa a transferência de recursos orçamentários do Governo do Estado aos municípios até o segundo turno das eleições.
"O processo mais desavergonhado de cooptação política do Ceará. Voltamos aos tempos mais remotos de uma política medíocre e indevida dos tempos dos coronéis. Chegar lá e abordar um prefeito ou uma prefeita e tirar os recursos que já estão se não apoiar. E deixar de pagar os que já estão em curso se não apoiar", acusa.
Segundo Domingos Filho, o processo é feito pelo “atual Governo liderado por Camilo Santana" e disse ser possível que a governadora Izolda Cela "não tenha conhecimento do todo".
O candidato afirmou ainda que essa suposta cooptação não está dando resultados. "Nós estamos indo direto com o povo e está dando certo. Tanto é que todas essas adesões... Veio Lula aqui, prefeito virando todo dia, deputados, mas quando sai a pesquisa não estão repercutindo, a gente continua ainda está na frente", ressalta.
Em nota, o Governo do Estado afirma que a decisão veta a execução de novos convênios durante o período eleioral, "assim como já estabelece a Lei Federal nº 9.504/1997, o que é cumprido rigorosamente pelo Governo do Ceará". Dessa forma, convênios de obras já em andamento, antes do período eleitoral, seguem com execução.
'Manter a boa relação'
Apesar das críticas feitas aos ex-aliados, Domingos Filho afirmou que a intenção é "manter a boa relação" e ressaltou o papel do senador Cid Gomes (PDT) como "bombeiro" em um eventual segundo turno. Por isso, a decisão de Cid de não se envolver na campanha eleitoral no primeiro turno "não é surpresa", garante Domingos.
"É muito natural que a tensão da eleição se dê mais entre os recém-separados. Isso acontecendo, é preciso que o bombeiro de segundo turno tenha muita isenção no primeiro, para poder ter condição de abordagem no segundo turno".
O candidato também falou a respeito de Ciro Gomes (PDT), candidato a presidente da República apoiado por ele e por Roberto Cláudio. Citado como o "mais preparado" entre os presidenciáveis por Domingos Filho, Ciro não tem convencido o eleitorado de Roberto Cláudio, já 65% destes eleitores irá votar no ex-presidente Lula, segundo pesquisa IPEC Ceará.
"Nós temos observado claramente nas eleições majoritárias, principalmente nas eleições para presidente, que o eleitor é absolutamente livre no seu voto. Não é a força da liderança que conduz o voto do eleitor. Tem sua importância, mas nesse caso muito reduzida", ponderou Domingos Filho.
Prioridades para o Governo
Domingos Filho afirmou que ainda não houve nenhuma conversa sobre qual será a atuação dentro do Governo do Ceará caso a chapa que integra seja a eleita - uma decisão que cabe a Roberto Cláudio, no caso de vitória. "Mas eu sou afeito a desafios, quanto mais desafiador, mas eu me animo", disse.
Apesar disso, ele ressaltou as três áreas que acredita que devem ser "focos emergenciais" de uma eventual futura gestão: saúde, segurança e emprego.
Entre as propostas citadas pelo candidato está a de "zerar" filas de exames e cirurgias nas unidades de saúde do Estado, inclusive com apoio de hospitais privados e filantrópicos, e a universalização do Raio para todos os municípios cearenses.
"A questão do emprego é grave. O processo de reindustrialização do estado deve ser feito por uma articulação direta do governador", ressaltou Domingos Filho. "Nós estamos em uma nova geração que é digital, que a formação em alta escala vai permitir que esse jovem possa ser aproveitado no mercado de trabalho, (...) mas que precisa do apoio do governo para isso".