Reunião do PDT Ceará, na manhã desta quarta-feira (8), aprovou por unanimidade cartas de anuência a parlamentares que, assim como Evandro Leitão, pediram para deixar o partido sem correr o risco de perder o mandato na Justiça.
O líder do governo Elmano de Freitas (PT), Romeu Aldigueri, justificou a atuação em massa dos filiados da legenda que integram a ala de Cid Gomes.
"(Foram) perseguições, atos judiciais e ações administrativas imorais e ilegais, a inativação do diretório, prazos sendo desrespeitados, nós tentamos de tudo", afirma o parlamentar.
Conforme Aldigueri, ao todo, incluindo Evandro, foram 10 deputados estaduais titulares, 4 suplentes de deputados estaduais, 4 deputados federais titulares e 2 suplentes de deputados federais.
Agora, ainda segundo o líder do governo, cada parlamentar vai entrar com uma ação judicial para efetivar a desfiliação. Somente após uma manifestação favorável da Justiça é que as tratativas para novas filiações serão iniciadas de forma concreta.
Veja quem pediu para sair
Deputados federais
- Eduardo Bismarck
- Idilvan Alencar
- Mauro Filho
- Robério Monteiro
Deputados estaduais
- Evandro Leitão
- Guilherme Landim
- Jeová Mota
- Lia Gomes
- Marcos Sobreira
- Oriel Filho
- Osmar Baquit
- Romeu Aldigueri
- Salmito
- Sérgio Aguiar
Vereadores
- Ana Paula Brandão
- Júlio Brizzi
Suplentes
- Helaine Coelho
- Nilson Diniz
- Leônidas Cristino (em exercício)
- Bruno Pedrosa (em exercício)
- Antônio Granja (em exercício)
- Guilherme Bismarck (em exercício)
- Tin Gomes
As únicas exceções nos pedidos foram André Figueiredo (deputado federal e presidente estadual e nacional do PDT) e os deputados estaduais Claudio Pinho, Antonio Henrique e Queiroz Filho. Eles representam um segmento mais ligado ao ex-ministro Ciro Gomes.
Em contato com o Diário do Nordeste, a assessoria de imprensa do deputado André Figueiredo disse que ele vai aguardar as deliberações da reunião da Executiva Nacional, marcada para a noite desta quarta-feira, para se pronunciar.
O encontro de Cid aconteceria na quinta-feira (9), mas foi antecipado.
Anuências no PDT
A movimentação desta quarta repete atitude tomada por Evandro Leitão em agosto. A autorização foi concedida quando Cid estava há pouco mais de um mês no comando interino da legenda no Ceará após acordo com André Figueiredo — que era o presidente da agremiação no Estado, mas se licenciou para apaziguar os ânimos da ala cidista.
A carta de anuência abre caminho para uma possível pré-candidatura à Prefeitura de Fortaleza de Evandro por outro partido, em oposição ao prefeito José Sarto (PDT). Mas a reação do segmento liderado por Figueiredo não demorou a aparecer. A possibilidade de desfiliação da legenda é questionada na Justiça pelo PDT Nacional.
A autorização dada aos demais deputados nesta quarta-feira pode seguir caminho semelhante devido à resistência já demonstrada pelo grupo de Figueiredo.
Crise no PDT
Desde a pré-campanha eleitoral do ano passado, o PDT vive uma crise interna. O impasse começou com a candidatura da legenda ao Governo do Estado. Enquanto Cid defendia o nome da então governadora Izolda Cela (sem partido), Ciro queria o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). Roberto foi escolhido, o que causou um rompimento do partido com o PT no âmbito estadual. Na eleição, o ex-prefeito terminou em terceiro lugar.
Depois disso, a nova divergência foi sobre o PDT embarcar oficialmente na base governista do Ceará. O grupo aliado a Cid defende a tese, já a ala de Ciro quer ser oposição. Todavia, o estopim para a escalada atual da crise pedetista foi a concessão de uma carta de anuência para desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Evandro Leitão.
Os embates seguiram e, no início de outubro, após o senador convocar uma nova reunião para debater o apoio oficial do PDT ao Governo de Elmano de Freitas, André Figueiredo suspendeu a licença da presidência do diretório do Ceará, afastando Cid do comando do partido.
Em resposta, cidistas convocaram uma reunião e elegeram uma nova Executiva Estadual no dia 16 de outubro, com o senador no comando de forma permanente. A deliberação é questionada judicialmente, mas a última decisão sobre o assunto manteve Cid à frente da agremiação.
Como reação, o grupo do ex-ministro Ciro Gomes decidiu pela intervenção da Executiva Nacional no Estado, no último dia 27 de outubro. Essa intervenção será analisada nesta quarta-feira, em Brasília, às 18h, com direito de defesa à Cid.