O tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco é ouvido na CPI da Covid nesta quarta-feira (4), a partir das 9h. O ex-assessor do departamento de Logística do Ministério da Saúde foi citado diversas vezes em depoimentos como participante do jantar em que supostamente teria sido realizada a proposta US$ 1 de propina por dose da vacina AstraZeneca.
Ele obteve no Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de ficar em silêncio diante de perguntas que possam o incriminar. No entanto, o militar deve dizer a verdade em relação aos fatos dos quais foi testemunha.
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PEDIDO DE PROPINA
O policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira — que diz ser representante da Davati Medical Supply — afirmou em depoimento à comissão que recebeu o pedido de propina do ex-diretor de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, em troca de assinar um contrato de compra de imunizantes com o ministério.
Conforme o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autor do requerimento de convocação de Blanco, a oitiva dele pode "esclarecer a notícia veiculada pelo jornal Folha de S. Paulo de que o governo Bolsonaro teria pedido propina de um dólar por dose de vacina".
Segundo relatou Dominguetti, o pedido de propina foi feito dia 25 de fevereiro em um jantar no restaurante Vasto, localizado em um shopping de Brasília, onde esteve presente o coronel, que teria apresentado o vendedor a Dias. Na época, Blanco já havia sido exonerado do cargo de assessor do Ministério da Saúde, conforme o G1.
Durante o depoimento à CPI, Dias, que recebeu voz de prisão ao final da oitiva, disse, inicialmente, que o encontro com Dominguetti e Blanco foi casual, no entanto, depois ele assumiu que o tenente-coronel sabia que ele estaria no local.
Já Cristiano Carvalho, que se apresenta como representante da Davati, declarou durante oitiva que Dominguetti o informou sobre o pedido de “comissionamento” na venda de vacinas, e que foi informado que a iniciativa teria partido do “grupo do Blanco”. Carvalho já entregou à CPI áudios atribuídos a Blanco nos quais ele trata das negociações dos imunizantes.
Dias e Dominguetti voltaram a se encontrar no dia seguinte ao jantar — 26 de fevereiro — no Ministério da Saúde. Vários senadores, entre eles Alessandro, Eduardo Braga (MDB-AM), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Fabiano Contarato (Rede-ES), Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE), manifestaram perplexidade com o relato dos depoentes, assim como estranharam o intervalo de menos de 24 horas entre o encontro no restaurante e a reunião no ministério.
Esses são episódios motivos a convocação de Blanco pelo colegiado. Os senadores aprovaram ainda requisições ao Comando do Exército Brasileiro de todos os relatórios e informações de inteligência, com as correspondentes cópias, a respeito do tenente-coronel, assim como de Antônio Élcio Franco, Alexandre Martinelli Cerqueira e Eduardo Pazuello.