O presidente Jair Bolsonaro (PL) é o primeiro candidato ao Palácio do Planalto a ser entrevistado pela sabatina do Jornal Nacional em 2022. A série de entrevistas começa nesta segunda-feira (22). Antes disso, o político havia afirmado que não participaria, mas depois acabou confirmando presença.
Essa não é a primeira vez que o gestor senta na bancada do telejornal. Em 2018, quando ainda concorria ao cargo pelo PSL, o então deputado federal foi questionado, por 27 minutos, pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos em agosto daquele ano.
Na época, o presidenciável abordou temas polêmicos, como o suposto "kit gay", que teria sido idealizado pelo ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e principal adversário dele na disputa e que, em 2022, concorre ao governo de São Paulo.
Outro tópico abordado foi o valor do salário da apresentadora Renata Vasconcellos. Na ocasião, a profissional e Bolsonaro protagonizaram uma discussão rápida em relação à diferença de valor entre a remuneração dela e a de Bonner.
Kit gay
O antigo militar aproveitou a sabatina para mostrar um livro, que integraria o suposto kit gay — notícia falsa divulgada por Bolsonaro sobre Haddad, então candidato do PT à Presidência, e apontado por ele como idealizador do conjunto. Na ocasião, o então deputado federal foi interrompido por Bonner, pois o ato era proibido pelas regras do programa.
"Temos uma regra, candidato, que eu estou relembrando, com os seus assessores, os candidatos não mostram documentos, eles não mostram papéis...", disse o apresentador. "Não, mas está aqui no livro, uma prova, isso daqui...", insistiu o político. "Não é, candidato, posso lhe dizer, não é respeitoso", respondeu Bonner.
Atrito com Renata Vasconcellos
Ao ser perguntado sobre quais ações faria para reduzir a desigualdade salarial entre homens e mulheres no Brasil, Bolsonaro questionou o valor da remuneração paga a Renata Vasconcellos e afirmou que ele diferiria do de William Bonner, apesar de ambos exercerem, segundo ele, o mesmo cargo.
"Estou vendo aqui uma senhora e um senhor, eu não sei ao certo, mas com toda certeza há uma diferença salarial aqui, parece que é muito maior para ele do que para a senhora. São cargos semelhantes, semelhantes, são iguais...", disse o presidente no episódio.
Em seguida, a jornalista interrompeu o político e o respondeu. “O meu salário não diz respeito a ninguém”, frisou. “Posso garantir ao senhor que, como mulher, não aceitaria receber salário menor que um homem”, completou.
Ditadura militar e TV Globo
Bolsonaro ainda usou a entrevista para reforçar as críticas contra a TV Globo e ao fundados dela, Roberto Marinho. Ao justificar a escolha do general da reserva, Hamilton Mourão, como vice da época, ele mencionou que seria uma "referência" ao militarismo no governo e relembrou que Marinho chegou a defender a ditadura militar.
"Fico com Roberto Marinho, o que ele declarou no dia 7 de outubro de 1984. (...) Repito a pergunta aqui: Roberto Marinho foi um ditador ou um democrata?", questionou Bolsonaro a Bonner.
Sabatina de 2022
O Jornal Nacional inicia nesta segunda-feira a série de entrevista com presidenciável com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao todo, o telejornal conversará com os quatro candidatos com melhor desempenho na pesquisa de pretensão de voto divulgada pelo Datafolha em 28 de julho. São eles: Lula, Bolsonaro, Ciro, Tebet. André Janones (Avante) seria o quinto, mas ele retirou depois a candidatura.
Na terça-feira (23), o convidado é Ciro Gomes (PDT); Lula na quinta (25); e Simone Tebet na sexta (26). O sorteio que definiu as datas e a ordem das entrevistas foi realizado em 1º de agosto com representantes dos partidos.
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