Com três deputadas em uma bancada de 22 cadeiras, o Ceará ocupa a 15ª posição em representação feminina na Câmara Federal, com o equivalente a 13,6%. O cenário cearense se assemelha ao de outros estados do Nordeste, que apresenta amplitude de 12% a 16,7% de diversidade de gênero. Os dados são da pesquisa Estatísticas de Gênero e Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na sexta-feira (8).
A região apresenta bons índices no que se refere à eleição de prefeitas e de vereadoras em 2020, segundo o mesmo levantamento, mas a situação muda quando a análise se concentra em Brasília. Desta vez, o Ceará fica a abaixo da média geral de representação, que é 17,7%. À sua frente, apenas o Maranhão, com três deputadas para 18 vagas (16,7%), que também não supera os números nacionais.
Também há estados, como Piauí, Paraíba e Alagoas, que sequer elegeram uma mulher em 2022 para a Câmara dos Deputados.
Já no Ceará, as três parlamentares que compõem a bancada são Luizianne Lins (PT), Fernanda Pessoa (União) e Dayany Bittencourt (União). O Estado já chegou a ser representado por outras mulheres na Casa com a dinâmica de licença de titulares nesta legislatura. Assim, Priscila Costa (PL), Ana Paula Brandão (PDT) e Eliane Braz (PSD) já passaram pelo Legislativo Nacional.
A discrepância entre grupos sociais fica mais evidente ainda quando feito um recorte que considere fatores de gênero e de raça. Os dados mostram que mulheres brancas são maioria na Casa, com 58 deputadas nessa configuração, como Luizianne e Fernanda.
Já as pretas são 13 na bancada, grupo ao qual Dayany pertence, e as pardas são 16. O número de mulheres indígenas é ainda menor: há apenas quatro. Já as amarelas não estão presentes na Câmara.
Confira números do Nordeste
- Maranhão: três deputadas numa bancada de 18 (16,7%)
- Piauí: sem deputadas numa bancada de 10 (0%)
- Ceará: três deputadas numa bancada de 22 (13,6%)
- Rio Grande do Norte: uma deputada numa bancada de oito (12,5%)
- Paraíba: sem deputadas numa bancada de 12 (0%)
- Pernambuco: três deputadas numa bancada de 25 (12%)
- Alagoas: sem deputadas numa bancada de nove (0%)
- Sergipe: duas deputadas numa bancada de oito (25%)
- Bahia: cinco deputadas numa bancada de 39 (12,8%)
Avanço no Ceará
O contingente ainda é pequeno, mas representa um marco na história política do Estado. Em 2022, o eleitorado cearense deu aval nas urnas a maior bancada feminina da história na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) – esta com nove representantes.
Nas duas Casas, veteranas mantiveram o apoio do seu público. É o caso da deputada federal Luizianne Lins e da estadual Dra. Silvana (PL), ambas no terceiro mandato como titulares.
“Ser mulher no parlamento e na política em geral ainda é um grande desafio. O machismo e o patriarcado acham que política não é lugar de mulher. Mas, com o nosso trabalho, mostramos exatamente o contrário”, avalia a petista.
Ela lembra, ainda, como a articulação com outras mulheres na Câmara possibilitou a aprovação da Lei Lola (em homenagem à estudiosa feminista Lola Abramovich), de sua autoria, que atribui à Polícia Federal a investigação de crimes cibernéticos de misoginia. “A luta por respeito e reconhecimento ainda é grande para nós mulheres na política. Por isso é fundamental que estejamos cada vez mais unidas e fortes na Câmara e na bancada cearense”, completa.
As demais parlamentares cearenses são estreantes nos seus respectivos cargos, apesar de muitas já terem bagagem em outras instâncias na vida pública.
Fernanda Pessoa, por exemplo, já foi 1º suplente de senador e deputada estadual por três mandatos. Já legisladoras estaduais, como Emília Pessoa (PSDB), Marta Gonçalves (PL), Jô Farias (PT), Larissa Gaspar (PT), Lia Gomes (PDT) e Juliana Lucena (PT) já foram secretárias de gestão e vereadoras.
Há, ainda, Dayany Bittencourt, Luana Ribeiro (Cidadania) e Gabriella Aguiar (PSD), que têm experiência na iniciativa privada e no terceiro setor.
Tanto Dayany quanto Fernanda Pessoa foram procuradas pelo Diário do Nordeste, via assessoria de imprensa, para comentar sobre sua atuação na Câmara dos Deputados e o cenário de representação feminina, mas não houve retorno.
Cenário nacional
O ranking do IBGE é liderado por Acre, Amapá e Mato Grosso, com a mesma proporção de três para oito, com 37,5%. A faixa dos 30% também é superada por Goiás (seis mulheres e 17 vagas) e Santa Catarina (cinco mulheres e 16 vagas), que apresentam 35,3% e 31,3%.
Já Alagoas (bancada de nove), Paraíba (bancada de 12), Piauí (bancada de dez), Tocantins (bancada de oito) e Amazonas (bancada de oito) não elegeram nenhuma mulher à Câmara dos Deputados em 2022.
Os outros cinco piores índices ficam com Roraima, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Espírito Santo. Os estados têm presença feminina nas bancadas em 12,5% nos três primeiros casos e de 12% e 10%, respectivamente, nos dois últimos.
Confira o ranking nacional:
- Acre: 3 deputadas (37,5%);
- Amapá: 3 deputadas (37,5%);
- Mato Grosso: 3 deputadas (37,5%);
- Goiás: 6 deputadas (35,3%);
- Santa Catarina: 5 deputadas (31,3%);
- Pará: 5 deputadas (29,4%);
- Rondônia: 2 deputadas (25%);
- Sergipe: 2 deputadas (25%);
- Distrito Federal: 2 deputadas (25%);
- Rio Grande do Sul: 7 deputadas (22,6%);
- São Paulo: 14 deputadas (20,3%);
- Rio de Janeiro: 9 deputadas (19,1%);
- Minas Gerais: 9 deputadas (17%);
- Maranhão: 3 deputadas (16,7%);
- Ceará: 3 deputadas (13,6%);
- Paraná: 4 deputadas (13,3%);
- Bahia: 5 deputadas (12,8%);
- Roraima: 1 deputadas (12,5%);
- Rio Grande do Norte: 1 deputadas (12,5%);
- Mato Grosso do Sul: 1 deputadas (12,5%);
- Pernambuco: 3 deputadas (12%);
- Espírito Santo: 1 deputadas (10%);
- Alagoas: sem deputadas;
- Paraíba: sem deputadas;
- Piauí: sem deputadas;
- Tocantins: sem deputadas;
- Amazonas: sem deputadas.