A segurança pública dominou os debates, nesta quarta-feira (22), na Assembleia Legislativa do Ceará e na Câmara Municipal de Fortaleza. No Parlamento estadual, com flores e óleo de peroba, deputados estaduais de oposição rebateram críticas do governador Camilo Santana (PT) de que são “raivosos” e cobraram ações mais enérgicas do Estado contra as facções criminosas. Parlamentares da base governista, por sua vez, criticaram a politização da pauta com teor eleitoral e destacaram ações do Governo do Estado na valorização da Polícia Militar.
O deputado estadual Soldado Noelio (Pros) - do grupo político do deputado federal Capitão Wagner (Pros), que também chegou a rebater as críticas de Camilo - puxou o debate sobre a criminalidade no Estado e levou flores para a tribuna como forma de contrapor as críticas feitas pelo governador, na semana passada, que chamou a oposição no Ceará de “raivosa” e “intolerante” durante evento na Capital.
“Aqui não tem ódio, tem verdade, coragem, atitude para falar a verdade e mostrar o que está errado. Queria ver o governador se manifestar contra a intolerância, a raiva e contra o ódio das facções. Todos os dias temos recebido denúncias de cidadãos que estão sendo expulsos das suas casas”, cobrou Soldado Noelio.
No fim do discurso, o deputado estadual do Pros mostrou um recipiente com óleo de peroba e recomendou o produto para Camilo. “Falta humildade que ele diz que tem pra reconhecer (o problema da segurança)”.
O deputado estadual Delegado Cavalcante (PTB) cobrou ações mais enérgicas do secretário de segurança do Estado, Sandro Caron. Opositora do Governo, a deputada estadual Fernanda Pessoa (PSDB) também endossou o discurso.
“Esses da oposição raivosos são os que, muitas vezes, conseguem melhorar os projetos nessa Casa. Não somos esses raivosos como o governador falou, e somos oposição porque o povo colocou”, sustentou.
Base
Após manifestações de opositores, parlamentares da base governista também se pronunciaram. O primeiro a rebater as críticas ao Governo foi o deputado estadual Osmar Baquit (PDT).
“Em nenhum momento esses arautos da moralidade fazem um gesto de elogio a essa ações do secretário de Segurança. Só falam mal. São os mesmos que incentivaram motim, levando pânico à sociedade. O governador Camilo não tem medo de cavalo paraguaio”.
Líder do Governo na Casa, o deputado estadual Júlio César Filho (Cidadania) criticou a politização em torno do tema e disse ser "inaceitável" que lideranças, "interessadas em desorganizar a segurança pública do nosso Estado e tirar proveito político nas eleições", tentem influenciar "uma minoria das forças de segurança a favor de movimentos criminosos", como o motim ocorrido em 2020.
"Qual moral tem um político que se elege e reelege fazendo a população de refém, deixando amedrontada com motim armado? Que moral tem de falar do governador que é um homem simples e trabalhador, que tanto trabalha não só na segurança, mas em todas as áreas para trazer um futuro melhor para os cearenses?", questionou. "Não podemos aceitar esse debate baixo, sorrateiro e desleal. Estamos aqui para mostrar sempre a valorização da Polícia", completou.
O deputado estadual Queiroz Filho (PDT) disse que "políticos vestiram a carapuça e dizem ser essa tal oposição 'raivosa' e 'intolerante'. Desde 2011, às vésperas de ano eleitoral, são induzidas ações como essas, como os motins de 2012 e o do ano passado, sempre com objetivo eleitoreiro". "O secretário Sandro Caron tem emprestado o seu amplo conhecimento e muito tem sido feito, como a lei de promoções, a capacitação dos policiais, investimento na inteligência da segurança pública e no CPRaio", citou.
Câmara Municipal
Durante a sessão do Legislativo municipal, vereadores da base governista do prefeito José Sarto (PDT) e da oposição também utilizaram seu tempo de fala para reverberar o embate estadual.
No grupo de oposição, o vereador Sargento Reginauro (Pros) disse que o Ceará passa por uma “grande tomada pelas facções desde 2005” e que associar a responsabilidade por isso ao deputado federal Capitão Wagner “chega a ser absurdo e ridículo”.
Vice-líder do prefeito na Casa, Professor Enilson (Cidadania) sustentou que o tema não deveria ser politizado e apresentou números que considera positivos, sobre aumento de prisões, apreensão de drogas e diminuição de homicídios no último ano. “Não estou aqui para defender o governador ou secretário de Segurança, estou para defender para que a gente pare de politizar a criminalidade”, argumentou.