Adversários na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, o ex-deputado federal Capitão Wagner (União Brasil) e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PT), trocaram acusações sobre a condução da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a prestação de serviços da Enel Ceará no Estado.
Desde o início da semana, Wagner tem criticado a permanência do deputado Fernando Santana (PT) na presidência da comissão, falando sobre "suspeição" do deputado para estar no cargo. Evandro, por sua vez, disse que, enquanto for presidente da Alece, "não vão conseguir" tirar Santana da presidência da CPI. A acusação de Wagner se baseia em entrevista concedida pelo prefeito de Barbalha, Guilherme Saraiva (PT), a respeito dos patrocínios para as festividades do Pau da Bandeira.
Segundo Wagner, Saraiva "deixa claro que houve uma intervenção" de Fernando Santana e do deputado federal José Guimarães (PT) nas negociações entre a Prefeitura de Barbalha e empresas em busca de recursos para o evento. Entre as empresas citadas, estaria a Enel Ceará.
Nesta sexta-feira (26), o ex-deputado federal fez publicação na qual critica Evandro Leitão. "O presidente da Assembleia ao não afastar o presidente da CPI assume um lado: entre o povo e a Enel, ele fica com a Enel", criticou.
Em resposta, durante visita ao Sistema Verdes Mares, nesta sexta-feira, Evandro Leitão disse não ter dúvidas de que existe um "interesse eleitoral" nas críticas de Capitão Wagner. "Eu não tenho dúvidas. Ele está querendo jogar para a plateia. Por ele ser pré-candidato, ele está querendo jogar para a plateia", alfinetou. Ele disse ainda que Wagner está "maculando a honra das pessoas com irresponsabilidade, e eu não trabalho dessa forma".
"A CPI da Enel está fazendo um grande serviço para o Estado do Ceará. Haja vista as ações, as decisões que a própria empresa está fazendo, adquiriu agora 300 veículos, isso tudo já fruto dessa CPI. No dia da oitiva do presidente da Enel, ele ficou com tanto medo, ele ficou tão preocupado que impetrou um pedido de habeas corpus. Então isso já demonstra que nós não estamos brincando, que nós estamos fazendo um trabalho sério", disse o presidente da Alece.
Procurado sobre as declarações de Evandro, Wagner chamou a declaração de "infeliz". "Foi muito infeliz em querer criar um rótulo pra mim que não é meu". "Irresponsável é manter presidente da CPI diante da declaração do prefeito de Barbalha. (...) Coloca o presidente da CPI em suspeição", considera. "A gente, de modo responsável, sem apontar que ele é culpado, pediu o afastamento dele", defendeu.
Ofício assinado por ele e pela bancada do União Brasil na Assembleia Legislativa foi protocolado na Casa Legislativa. "Se a CPI é só fazer teatro e continuar com essa empresa, fica muito claro o lado que o presidente está: do lado da empresa", voltou a afirmar Wagner.