Mais da metade dos cearenses tem um desejo de mudança quando analisa a gestão dos atuais prefeitos do Estado. A constatação é de uma pesquisa realizada pelo Instituto Opnus e divulgada com exclusividade pelo Diário do Nordeste nesta sexta-feira (26).
Os pesquisadores perguntaram o que os cearenses “querem do próximo prefeito ou da próxima prefeita eleita” nos respectivos municípios. Do total de entrevistados, 53% demonstraram desejo de mudança.
Essa fatia dos cearenses tem 38% de pessoas que querem que o novo gestor “mude totalmente a maneira de administrar do atual prefeito” e 15% daquelas que querem uma mudança de “quase tudo”, mantendo poucas coisas.
O levantamento foi realizado por meio de entrevistas pessoais e domiciliares com 1,7 mil pessoas com 16 anos ou mais em todo o Ceará. O questionário foi aplicado entre os dias 11 e 18 de abril de 2024. A margem de erro da pesquisa é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos.
Ao todo, 6% das pessoas disseram não saber ou preferiram não responder à pesquisa.
Pela continuidade
Se 53% dos cearenses querem mudança, outros 41% defendem a continuidade do que já está sendo feito nas gestões municipais.
Neste grupo estão os 28% que querem que haja uma continuidade de "quase tudo", com mudanças pontuais, e 13% dos que defendem que o gestor eleito em outubro deste ano “continue totalmente com a maneira de administrar do atual prefeito”.
Diretor técnico do Instituto Opnus, Pedro Barbosa pondera que os dados funcionam como um termômetro para medir o “humor” dos cearenses.
“Como nossa pesquisa traz o recorte do Estado, não é possível trazer indicações individuais, é uma média de que os cearenses estão mais desejosos por uma mudança. Isso é um importante recado para os prefeitos que estão no cargo: ‘será que a população do seu município está querendo mudar?’ Se sim, é preciso planejar como será possível reconquistar esse eleitor para si ou para o candidato à sucessão”
Interesse nas eleições
A pesquisa também indicou que, a menos de seis meses para as eleições, a maioria dos cearenses diz ter baixo interesse no pleito. Estão neste grupo 54% dos entrevistados, sendo 27% de pessoas com “pouco interesse” e 27% de cearenses com nenhum interesse nas eleições.
Por outro lado, 43% dos entrevistados disseram ter algum nível de interesse: sendo 22% de “muito interessados” e 21% de “interessados”. Outros 3% dos ouvidos pela pesquisa não quiseram ou não souberam responder.
Escolaridade é o fator que mais diferencia o interesse pelas eleições municipais. Na população que possui nível superior, parcela de 59% se declarou interessada ou muito interessada na eleição deste ano (15 pontos acima da média). Por outro lado, entre os eleitores que possuem até o nível fundamental, esse desejo representa apenas 38% (6 pontos abaixo da média).
Outro dado revelado pela pesquisa foi que 58% dos cearenses não lembram em quem votaram para vereador nas últimas eleições. Já ao tratar do voto para prefeito, o "esquecimento" é menor, e 61% da população lembra da escolha feita em 2020.
“A população só fica mais atenta quando a eleição está próxima, a população não está preocupada com os candidatos por enquanto, está preocupada em viver o dia a dia do emprego, do preço dos alimentos, do transporte público”
“Tanto é que, quando vamos fazer pesquisa e perguntamos em quem o entrevistado vai votar, ele não sabe nem quem são os candidatos, mas, se perguntamos como ele avalia a gestão, a saúde, a educação, aí ele tem opinião formada. A política eleitoral não é uma preocupação neste momento, mas a política ao nível de gestão, de entrega, a política que está relacionada diretamente à vida das pessoas”, conclui.