Prisco Bezerra (PDT) foi pego de surpresa com o pedido de licença do senador Cid Gomes do cargo, assim como a maioria dos integrantes do grupo político. Sem experiência anterior em cargos eletivos, o empresário foi jogado na mais alta Casa Legislativa do País para representar o Ceará pelos próximos quatro meses.
A área que deve marcar sua atuação relâmpago como parlamentar é a Educação e o campo de oposição ao Governo Bolsonaro, para manter a linha partidária. O irmão do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, se diz entusiasmado com a nova missão, mas sentencia: não concorrerá a outros cargos eletivos, embora não negue atuação no campo político. “Sou homem de bastidor”, afirma.
Primeiro suplente e principal doador da campanha de Cid Gomes nas Eleições 2018, sendo inclusive um dos coordenadores, o parlamentar assumiu o mandato temporariamente, no último dia 11 de dezembro. Como a licença de Cid Gomes é de 120 dias para tratar de assuntos particulares, o suplente ficará no cargo até abril de 2020.
Em meio ao recesso legislativo, Prisco corre para entender de forma mais aprofundada os procedimentos na Casa, solicitado, inclusive, estudos à área técnica do Senado para subsidiar ações e projetos. Por isso é que, em janeiro, mesmo no recesso parlamentar, ele diz que pretende ir a Brasília para iniciar antecipadamente os trabalhos.
Apesar de reconhecer atuação na vida pública, Prisco disse, em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, saber distinguir o seu lugar ideal para atuar. Os holofotes de um mandato eletivo, diz ele, não o seduzem, mesmo que, como é o caso agora, seja necessário ocupar um cargo de destaque como esse.
Eu sempre fui homem de bastidor. Coordenei campanhas do Roberto (Cláudio), do Camilo e do Ciro", detalha o parlamentar, ao sentenciar: “Não pretendo concorrer a nenhum outro cargo. Essa experiência do Senado eu vou levar para a minha vida, sem dúvida. Mas não (pretendo concorrer a cargo público)”.
A atuação dele é majoritariamente no setor privado, no ramo de educação superior, mas ao falar da relação entre público e privado, ele enaltece as características da função política. “A principal questão é que você aprende no setor público é resolver as coisas com o diálogo e o convencimento.
Diferente da visão que eu tinha só no setor privado. E isso, a gente leva para a atuação”, diz. Prisco foi secretário de Governo na primeira gestão Roberto Cláudio, mas deixou a Prefeitura para retornar aos negócios. Hoje, o cargo na gestão é ocupado por Samuel Dias.
Educação
Desconhecido do grande público (no caso do Senado, o eleitor não vota diretamente no suplente, como ocorre com os deputados), Prisco diz se orientar pelos líderes políticos do grupo, mas detalha que pretende aproveitar o curto tempo de mandato para deixar uma contribuição na área da Educação.
A ideia é focar no que considera “grandes realizações” do Ceará e de Fortaleza na área, que os coloca em posição de destaque no País. “Temos que levar as ideias do Ceará para o resto do Brasil. Para que possa beneficiar mais jovens. E é isso que eu vou propor. Com a apresentação de projetos de lei e também realização de audiências públicas com especialistas sobre o tema”, conta.
Ele detalha, inclusive, já ter pedido ao presidente da Comissão de Educação da Casa, senador Dário Berger (MDB-SC), a relatoria de projetos em tramitação no colegiado para que possa iniciar os trabalhos e se prepara para sugerir discussões a respeito do acesso de jovens e crianças a um ensino de qualidade.
Sucessão
Mostrando conhecimento das estratégias do PDT, Prisco descarta uma possível renovação da licença de Cid. Para ele, não faz sentido prorrogar o afastamento, já que até abril “as coisas (definições partidárias) têm que estar definidas” para a eleição.
"O PDT, hoje, tem em torno de 60 prefeituras no Estado. A ideia é fortalecer essas 60 e, quem sabe, aumentar esse número. E, pela capacidade política que o Cid tem, eu não duvido que ele vá conseguir", pontua.
Sobre a disputa pela Capital cearense, o senador defende um nome experiente em gestão pública. “Isso não significa ter vivência em política eleitoral”, pondera. “Eu vou fugir um pouco da experiência de política de voto. Acho que tem que ser uma pessoa experiente em gestão pública, isso sem sombra de dúvidas. É algo que não dá para abrir mão. Pegar um outsider (pessoa sem experiência) é complicado", salienta, ao reforçar que não há necessidade de pressa para a escolha no grupo governista.
Por mim, a definição (do nome do PDT) sairia só no último dia (do prazo para lançar candidaturas). Essa informação é privilegiada para a oposição, para se armar. Quem quer falar de nomes agora é a oposição. Quem governa tem que estar focado na gestão para fazer o que as pessoas precisam. Entregar o que prometeu. Acho que o foco é esse”.