A atuação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), junto a governadores do Nordeste para angariar votos a favor da reforma da Previdência surtiu efeito na bancada cearense. No Legislativo, parlamentares confirmam que, em acordo com o presidente da Câmara, chefes dos executivos estaduais, entre eles, o cearense Camilo Santana (PT), atuaram nos bastidores para "ajudar" na aprovação da proposta.
Contrário à proposta do Governo Bolsonaro no início, Camilo Santana se distanciou das discussões sobre a reforma da Previdência cerca de 15 dias antes da votação em plenário. Segundo um parlamentar da bancada cearense, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, se comprometeram com o avanço de pautas de interesse dos governadores no Congresso em troca da participação deles na garantia de votos para a reforma.
No caso do Nordeste, com estados governados majoritariamente por partidos de oposição, o pedido de Rodrigo Maia teria sido para que os chefes dos executivos influenciassem os parlamentares aliados nas legendas do chamado 'Centrão'. Um deles é o deputado federal Domingos Neto (PSD). Ele afirmou que, na última terça-feira, Camilo Santana o ligou sinalizando votação favorável à reforma, cumprindo o combinado com Rodrigo Maia.
Interlocutor do Governo do Estado nega que o governador tenha atuado em favor da reforma, mas reconhece que Camilo considera que mudanças em alguns pontos, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), as regras da aposentadoria rural e a capitalização, fizeram a proposta “avançar muito”. E que, por isso, o governador deixou a bancada à vontade para a votação, tendo feito ainda a ponderação de melhorar a situação dos professores – o que não foi possível no texto-base, mas ainda pode ser modificado nos destaques.
Emendas
Conforme o Diário do Nordeste mostrou na quarta-feira (10), a liberação de emendas parlamentares às vésperas da votação também ampliou o apoio à reforma na bancada cearense.
Dos 22 deputados federais cearenses, 11 votaram a favor do texto-base da reforma: Heitor Freire (PSL), Genecias Noronha (SD), Vaidon Oliveira (Pros), Aníbal Gomes (DEM), Dr. Jaziel (PL), AJ Albuquerque (PP), Pedro Bezerra (PTB), Domingos Neto (PSD), Roberto Pessoa (PSDB), Junior Mano (PL) e Moses Rodrigues (MDB). Um dia antes da votação, apenas três deles - Heitor Freire, Genecias Noronha e Vaidon Oliveira - declaravam voto a favor da proposta.