Vários candidatos vão disputar a presidência estadual do PT, ocupada hoje por Luizianne Lins, em novembro próximo
Com discurso de críticas à gestão do governador Cid Gomes (PSB) e em defesa da candidatura própria do partido ao Governo do Estado em 2014, lideranças de seis correntes petistas lançaram ontem, na Assembleia Legislativa do Ceará, a candidatura do vereador Guilherme Sampaio à presidência estadual do PT. Além do parlamentar, outros quatro candidatos de outras correntes confirmaram candidatura à sucessão da ex-prefeita Luizianne Lins no comando da sigla no Estado.
Deputados e vereadores petistas participando do encontro de lançamento do vereador Guilherme Sampaio a presidente do Diretório Estadual do PT cearense, ocorrido na manhã de ontem no auditório da Assembleia Legislativa FOTO: JOSÉ LEOMAR
Os candidatos que também registraram candidatura foram o presidente do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT-CE), Francisco de Assis Diniz (Democracia Radical); Antônio Ibiapina (TR-Socialista); o ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE), Eudes Baima (Trabalho); e José Marinha Castro (EPS). O prazo para confirmação de candidatura encerrou no último dia 12 de agosto. As eleições vão ocorrer no dia 10 de novembro deste ano.
Durante a solenidade, Guilherme Sampaio defendeu uma reestruturação do partido, no sentido de adequar a forma de fazer política da sigla ao desejo da população expresso nas manifestações que tomaram as ruas do País desde o último mês de junho. O vereador prometeu uma reaproximação da legenda aos movimentos sociais e ao meio acadêmico. "O PT tem que reencontrar força em suas origens, o PT quer mais", afirmou.
Sampaio disse que o mote da militância do partido para o próximo ano deverá ser construir um palanque "forte" e "popular" no Ceará para a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Para isso, afirmou que estará pronto para construir o arco de alianças necessárias, mas que levará em conta principalmente as bandeiras defendidas pela sigla, para "não deixar o povo de fora". "O PT não pode se acomodar de forma fisiológica dentro de governos", disparou.
Avaliação
O vereador defendeu candidatura própria do partido ao Governo do Estado. "Pode ser que não seja agora (em 2014), mas um dia será", lembrou, evitando disparar críticas diretas ao Governo Cid Gomes. Diferentemente de Guilherme Sampaio, outras lideranças petistas que estavam no evento foram mais diretas nas críticas. A maioria defendeu uma "profunda" avaliação da aliança com o PSB e a elaboração de um projeto do PT para o Estado.
O atual presidente municipal do PT, Raimundo Ângelo, afirmou que o momento atual é de buscar construir um PT unido e renovado, para enfrentar as "elites nacionais conservadoras". Ele defendeu que o partido deve fazer uma avaliação não só da relação com o PSB, mas das ações do Governo Cid Gomes, sobretudo o tratamento com os movimentos sociais e das políticas econômicas. Ângelo também defendeu candidatura própria do PT ao Estado em 2014.
Representando o senador José Pimentel, o ex-secretário de Administração na gestão da ex-prefeita Luizianne Lins, Vaumik Ribeiro, cobrou uma união maior das correntes petistas mais à esquerda para evitar que o partido faça alianças erradas em 2014 como, segundo ele, fez em outros anos. Ele lembrou que foi graças a essa "união" que o grupo conseguiu reverter, em 1994, a aprovação da proposta de que o PT fosse vice na chapa de Tasso Jereissati (PSDB) ao Governo do Estado.
A representante do Diretório Estadual Ticiana Studart sugeriu que a legenda se reestruture, de forma a deixar que as "vozes das ruas" ecoem dentro do partido. Ela também defendeu que a sigla se imponha nas próximas eleições, assim como impôs a candidatura do senador José Pimentel em 2010. Ticiana cobrou ainda oposição vigilante a Roberto Cláudio. "Se não conseguir derrubar esse sem vergonha até lá, a gente derruba nas eleições de 2016", disparou.
Correntes
O vereador Deodato Ramalho, por sua vez, criticou membros de outras correntes do PT mais ligadas a Cid Gomes. Ele alertou que as eleições ainda não estão definidas "como dizem por aí". "Tem pessoas que não querem esse PT e não vão deixar o PT se tornar uma subcomissão da família Ferreira Gomes", disse, acrescentando: "Não somos militantes governistas. Não somos o PT de Sobral".
O vereador Ronivaldo Maia avaliou que, na formação do arco de alianças, o partido deve levar em conta sobretudo o compromisso com o povo. Para o petista, o governador Cid Gomes "não é incompetente", "mas não segue nossas bandeiras".
Elmano de Freitas, por sua vez, afirmou que PT deve trabalhar para deixar de ser "submisso" e buscar mais participação nas alianças partidárias que trava. "É verdade que defendemos a aliança com os Ferreira Gomes em algum momento. Mas é bem verdade também que defendemos aliança com o PT mantendo seu espaço", comentou.
Elmano também fez questão de ressaltar que foi o próprio PSB que resolveu romper a aliança com o PT a nível municipal nas últimas eleições. De acordo com ele, o partido tentou até a última hora manter a aliança em nome do projeto nacional da presidente Dilma Rousseff. "Romperam porque nós queremos mais da política, mais participação do povo. Romperam porque têm o limite deles na política: que eles mandem. Queriam que o PT apenas dissesse sim", alegou.
O deputado Eudes Xavier foi mais enfático em suas críticas a Cid Gomes. Citando recentes casos envolvendo o governador, como o caso da chamada "farra do caviar", o parlamentar disse que não é essa candidatura nem esse partido (PSB) que o Partido dos Trabalhadores deve apoiar no próximo pleito.
Apoio
Guilherme Sampaio pertence a ala chamada Casa Vermelha. A candidatura dele é apoiada pelas correntes Democracia Socialista (ligada à Luizianne Lins); Movimento Optei; Articulação de Esquerda (ligada ao vereador Deodato Ramalho); Articulação Unidade da Luta (ligada ao senador José Pimentel) e Núcleo Américo Barreto. Segundo aliados de Luizianne, ela não compareceu ao lançamento, pois estava no Rio de Janeiro concluindo seu projeto de mestrado.