Exame de Bolsonaro dá positivo para coronavírus

Após febre, mal-estar e cansaço, segundo o presidente, está agora se sentindo "perfeitamente bem"

O resultado do teste de coronavírus do presidente Jair Bolsonaro deu positivo. A confirmação partiu do próprio presidente em entrevista, nesta terça-feira (7). O exame foi realizado na noite da segunda-feira (6), em um hospital de Brasília. Após ter febre, mal-estar e cansaço, segundo ele, está agora se sentindo "perfeitamente bem".

Bolsonaro disse, durante a entrevista, ter tido conhecimento do resultado no final da manhã de hoje. Afirmou ainda que já imaginava ter sido contaminado ainda no início da pandemia, devido ao contato frequente com a população. "Como presidente, estou na frente de combate", ressaltou.

O chefe da República disse também estar se sentindo melhor dos sintomas, depois de ter sido tratado com hidroxicloroquina e azitromicina. 

"Estou bem, estou normal, em comparação a ontem, estou muito bem. Estou até com vontade de fazer uma caminhada, mas, por recomendação médica, não farei", afirmou.

Pouco depois do anúncio, em nota, o Planalto confirmou o resultado do exame. "O resultado do teste de covid-19 feito pelo presidente Jair Bolsonaro na noite dessa segunda-feira, 6, e disponibilizado na manhã de hoje, 7, apresentou diagnóstico positivo. O presidente mantém bom estado de saúde e está, nesse momento, no Palácio da Alvorada", diz o texto.

Sintomas

À CNN Brasil, ainda na segunda-feira, o presidente disse sentir febre de 38ºC e ter 96% de taxa de oxigenação no sangue. Apesar de, na ocasião, não ter divulgado resultado algum, ele informou já estar tomando hidroxicloroquina.

"Eu vim do hospital, fiz uma chapa do pulmão, tá limpo o pulmão. Vou fazer exame do Covid daqui a pouco, mas está tudo bem", disse ontem Bolsonaro, a apoiadores, ao chegar ao Palácio da Alvorada. 

Agenda presidencial

Bolsonaro cancelou sua participação presencial em eventos nesta semana, entre eles a reunião do conselho de governo que tradicionalmente ocorre às terças-feiras.

Ele também relatou a aliados que deve realizar videoconferências nesta semana para evitar o risco de contágio caso tenha sido contaminado.

Segundo a agenda oficial do Planalto, o presidente esteve na segunda com o presidente do Inmetro, Marcos de Oliveira Junior, com o vice-presidente de assuntos de segurança da NTC&Logística, Roberto Mira, e com o secretário especial de Cultura, Mario Frias.

Ele também teve agendas com os ministros Paulo Guedes (Economia), Braga Netto (Casa Civil), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e José Levi (Advocacia-Geral da União).

No último fim de semana, Bolsonaro teve agendas em que interagiu e se aproximou de outras pessoas.

No sábado (4), viajou pela manhã para Santa Catarina para sobrevoar áreas afetadas pelo ciclone-bomba e, à tarde, compareceu em um almoço de comemoração da independência americana na residência oficial da embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

Na ocasião, Bolsonaro apareceu em fotos ao lado de quatro ministros e do embaixador americano, Todd Chapman. Nas imagens compartilhadas pelo presidente, os presentes não utilizavam máscara de proteção facial.

Testes anteriores

Desde o começo da pandemia, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou à Justiça três testes de coronavírus feitos por Bolsonaro, todos com resultado negativo. Os exames - realizados em 12, 17 e 18 de março - foram exigidos pela Justiça após o presidente anunciar em diferentes ocasiões que apresentou resultado negativo, sem, no entanto, mostrar os laudos. 

Uma das coletas foi feita dias após Bolsonaro voltar de viagem aos Estados Unidos, em março, quando pelo menos 23 integrantes da comitiva testaram positivo para a Covid-19.

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Mesmo nas ocasiões em que estava sob suspeita de contaminação, o líder da República marcou presença em manifestações marcadas por apoiadores, em defesa do presidente e pedindo o fechamento do Congresso Nacional, entre outras pautas anti-democráticas.

"Se eu resolvi apertar a mão do povo, desculpe aqui, eu não convoquei o povo para ir às ruas, isso é um direito meu. Afinal de contas, eu vim do povo. Eu venho do povo brasileiro", disse, em março.

No Brasil, o total de mortes em decorrência da infecção pelo coronavírus até essa segunda-feira (6) é de 65.556.