Desde que Jair Bolsonaro anunciou a criação do novo partido Aliança pelo Brasil, em novembro, a pergunta que mais se tem feito é: conseguirão os apoiadores do presidente reunir a tempo as 492 mil assinaturas necessárias para que o partido se viabilize para disputar as eleições deste ano?
No Ceará, o pontapé inicial foi dado, ontem, com as 1.572 assinaturas registradas no 1º Encontro Cearense de Apoiadores do Aliança Pelo Brasil, realizado em um hotel da Capital. O evento contou com a presença de movimentos conservadores e de políticos que devem deixar seus partidos para integrar a nova legenda, que precisa ter as assinaturas validadas pela Justiça Eleitoral até o dia 4 de abril.
Embora o novo partido ainda não tenha divulgado a meta e o cronograma de assinaturas para o Ceará, lideranças, boa parte ainda filiadas ao PSL, demonstram confiança na mobilização.
"Aqui no evento, através da Associação dos Notários, nós temos três cartórios funcionando com tabeliões, inclusive reconhecendo firma. A gente tem em mais de 60 municípios no interior do Estado grupos de apoio vinculado ao Aliança, vinculado ao Bolsonaro, vinculado à gente. Não vai ser difícil", afirmou o deputado estadual Delegado Cavalcante (PSL).
Colega de Assembleia Legislativa e ainda de PSL, André Fernandes projeta entre 10 e 20 mil assinaturas no Estado e lamenta que ele próprio ainda não tenha podido se somar aos dissidentes.
"Muita gente está se desfiliando do PSL, muita gente já se desfiliou, muita gente está apoiando o partido. Eu não assinei porque tenho que estar filiado, infelizmente. Nesse momento já gostaria de estar compondo o Aliança pelo Brasil", disse o parlamentar.
"Plano b"
Por outro lado, a possibilidade do partido não conseguir assinaturas suficientes também é cogitada.
"Tenho quase certeza que vai dar tempo sim, mas, para quem está ansioso, que é candidato a prefeito, a vereador, pode ficar tranquilo. Se, por acaso, não acontecer, com certeza nós teremos alguns outros partidos que nos darão essa espontaneidade de entrar e sair no momento oportuno para compor o Aliança pelo Brasil", afirmou André.
Também presente no evento, a vereadora de Fortaleza, Priscila Costa (PRTB), falou sobre o seu "plano B".
"Com certeza eu estarei em um partido de ideias conservadoras e que defende as crianças e a família", disse. Questionada se a alternativa é o Partido Social Cristão (PSC), confirmou, "pode sim ser o PSC".
O deputado federal General Girão (PSL-RN) demonstrou confiança na reunião de assinaturas.
"Já temos um quinto do mínimo necessário, em um período de festas, de Natal e ano novo. Até o final de janeiro, achamos que conseguimos ter o partido com os 500 mil apoiamentos completados e com isso a gente possa concorrer, quem for candidato, nas eleições de 2020", afirmou.
Bolsonaro
Ainda sem vir ao Ceará desde que se elegeu, Bolsonaro participou do Encontro por meio de uma "live". Em uma pergunta, foi questionado sobre uma possível visita ao Estado.
"Tenho um compromisso com a minha filha, porque ela tem sangue de cabra da peste de Crateús. Ela agora fez 9 anos, já entende bastante as coisas. Indo ao Ceará, pretendo levá-la para conhecer Crateús. Eu fui capturado pelos cabras da peste, através da minha esposa", disse Bolsonaro.