A permanência do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no cargo está cercada de mistério em meio à pressão de aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para a sua substituição. O ministro disse, no domingo (14), por meio de sua assessoria, que segue no comando da Pasta e que Bolsonaro não pediu que entregasse o cargo, mas, nos bastidores, circulam informações de que possíveis substitutos vêm sendo ventilados pelo Palácio do Planalto.
A conduta do ministro no enfrentamento da Covid-19 é alvo de críticas de aliados do presidente no Congresso Nacional e de autoridades médicas, o que vem aumentando o seu desgaste dentro do Governo Federal.
Motivos do desgaste
Na última semana, em declaração à imprensa, Pazuello negou colapso no sistema de saúde brasileiro. A fala ocorreu no mesmo dia em que o País atingiu o maior número de mortes em 24 horas desde o início da pandemia.
Além disso, o ministro da Saúde vem sendo pressionado por governadores e prefeitos para a aquisição urgente de vacinas contra a Covid-19. Na semana passada, Pazuello afirmou que o Brasil receberia, neste mês, de 22 a 25 milhões de doses de vacinas, "podendo chegar a 38 milhões".
Uma quantidade menor do que a última previsão divulgada pelo Ministério da Saúde, no dia 6 de março, de 30 milhões de doses. E não foi a primeira vez que previsões de doses de vacinas foram alteradas pelo ministro.
Sem contar que o comandante da Saúde é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga eventual responsabilidade pelo colapso na saúde pública de Manaus (AM), em janeiro deste ano, quando pacientes morreram por falta de oxigênio nos hospitais.
Eduardo Pazuello ainda está na mira do Congresso Nacional para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Covid-19, para investigar o atraso na vacinação e o colapso do sistema de saúde em vários estados.
Saída?
Com o agravamento do desgaste e da pandemia, a saída de Pazuello do Ministério da Saúde passou a ser discutida pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo informações do jornal "O Globo", o ministro teria pedido para deixar o comando do ministério alegando problemas de saúde, o que foi negado por ele depois.
No último domingo (14), Bolsonaro recebeu uma das cotadas para assumir vaga: a cardiologista Ludhmila Hajjar, mas as articulações ainda estão em curso e pode ser que Bolsonaro busque outros nomes para a função.
A médica, porém, recusasou nesta segunda o convite do presidente, de acordo com informações do jornal "Folha de S. Paulo". Corre por fora, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", o nome de Dr. Luizinho (PP-RJ), deputado federal que é apoiado por parlamentares e secretários estaduais de saúde.
O que se sabe até agora sobre a permanência ou não do ministro Eduardo Pazuello à frente da Pasta:
O ministro da Saúde vai deixar o cargo?
Ainda não se sabe, mas, nos bastidores, aliados do presidente Jair Bolsonaro pressionam para a substituição do ministro por um nome mais técnico e, ao mesmo tempo, com trânsito político. No entanto, publicamente, Eduardo Pazuello nega que vá sair do cargo ou que o presidente tenha pedido para ele sair.
Por que Eduardo Pazuello é cotado para deixar Ministério da Saúde?
Eduardo Pazuello vem sofrendo desgastes e críticas pela atuação na pandemia da Covid-19 no Brasil. Recentemente, em declaração à imprensa, ele negou colapso no sistema de saúde brasileiro.
O ministro da Saúde vem sendo cobrado por governadores e prefeitos pelo atraso na vacinação, além dele ser alvo de inquérito no STF pela condução na crise de saúde em Manaus e alvo de uma CPI no Congresso Nacional para apurar o enfrentamento da pandemia no Brasil
Quem vem sendo cotado para substituir Eduardo Pazuello?
O primeiro nome que surgiu é o da médica cardiologista Ludhmila Hajjar. Além de ter bom currículo, teria apoio de vários partidos e trânsito no STF, mas, segundo aliados, ela deve declinar do convite. Outros nomes, como o do deputado federal Dr. Luizinho, são cotados para assumir o cargo.
Quem é a médica Ludhmila Hajjar cotada para o Ministério da Saúde?
Ela é cardiologista e intensivista e teria o apoio político de diferentes partidos, como DEM e PP, e interlocução com ministros do Supremo Tribunal Federal.
Quem é Dr. Luizinho, nome também defendido para o Ministério?
Ele é médico e deputado federal pelo PP do Rio de Janeiro. Para apoiadores, a vantagem é que além de profissional da saúde, conhece o SUS como gestor público e tem bom trânsito no Governo, no Congresso e nos estados.