Divergências na CPI da Infância

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Redação producaodiario@svm.com.br
Vereador reclama de que comissão pode isentar a Prefeitura da falta de ações públicas contra a exploração

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da exploração sexual de crianças e adolescentes no Município de Fortaleza, em funcionamento há cerca de quarenta dias, passa por um momento de desavenças entre alguns de seus membros. O líder da oposição, Plácido Filho (PDT), integrante do grupo, reclama de críticas à sua fala sobre os resultados da CPI e afirma que a fiscalização pode não gerar efeitos positivos.

Em reunião recente, ficou determinado que qualquer assunto referente à CPI só seria informado à população pela relatora, Eliana Gomes (PCdoB) e pelo presidente, Antônio Henrique (PMN). A decisão foi tomada após o vereador Plácido ter apresentado informações de visita feita à Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca).

Contrariado com a decisão, o parlamentar declarou: "Acho isso uma imoralidade. Quer dizer que nós iremos servir apenas de bonecos?", indagou o pedetista. "Espero que tenham coragem de cortar a própria carne, mas eu não acredito que irão fazer isso, quando começarem a atingir a prefeita", criticou Plácido, antes de acusar a prefeita Luizianne de não ter investido em políticas públicas para a infância em seu governo.

Na ocasião, o parlamentar salientou que a colega de partido Patrícia Saboya (PDT) realizou CPI contra exploração infantil no Senado em 2003 e que todos os integrantes haviam sido liberados para debater o assunto com a opinião pública.

Participação

De acordo com a relatora da CPI, Eliana Gomes, o vereador Plácido tem faltado à maioria das reuniões da comissão e apenas enviado assessores, que, segundo ela, não o representam. Para Eliana, é uma questão de ética que apenas relatora e presidente falem em nome da CPI.

"O mínimo que as pessoas esperam da gente é sigilo e ética. Eu me senti muito mal de estar sendo discutido um assunto em plenário da forma como foi apresentado pelo vereador Plácido. Quando eu cobro, tenho a obrigação de contribuir", salientou ela.

Sobre a insinuação de que o grupo irá ter que "cortar a própria carne" quando necessitar investigar a Prefeitura de Fortaleza, uma vez que a maioria dos membros da CPI é da base aliada, a vereadora disse não ter interesse de "passar a mão na cabeça de ninguém".

Está sendo programada para amanhã, a realização de uma pesquisa com várias entidades para que a comissão estabeleça alguns encaminhamentos para julho e agosto, quando serão feitas blitzes nos estabelecimentos suspeitos de exploração de menores.