Deputados federais cearenses criticam posição de Bolsonaro na pandemia do coronavírus

Parlamentares cearenses demonstraram perplexidade com pedidos feitos pelo presidente como a reabertura do comércio e as escolas

Deputados federais cearenses criticaram, nas redes sociais, o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, na noite da terça-feira (24), em que o chefe do Executivo pediu o fim do isolamento, a reabertura do comércio e das escolas, em meio à pandemia do coronavírus. Para parlamentares, o discurso demonstrou postura “irresponsável” ao minimizar a crise na Saúde Pública. 

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No pronunciamento, o presidente voltou a se referir ao coronavírus como "gripezinha", disse que o isolamento é exagero, criticou os gestores que optaram por fechar escolas e culpou a imprensa pelo que chama de histeria. Segundo o Ministério da Saúde, 46 pessoas morreram vítimas da doença e mais de 2.000 foram infectadas. 

O líder da bancada do Ceará, deputado Domingos Neto (PSD), afirmou que a presidência da República precisa, nesse momento, orientar para o que é essencial: que as famílias fiquem em casa. “O pronunciamento vem num momento inoportuno. Ainda estamos em um momento crítico do confinamento, que é necessário, que deu certo em todo o mundo. Em um breve espaço de tempo, precisaremos diminuir esse confinamento, mas tem que ser de forma planejada”, pontuou. 

O deputado André Figueiredo (PDT) disse que presidente “não faz apenas pouco caso dessa grave pandemia, ele faz pouco caso da vida do povo brasileiro”. “Resumir o delicado momento que passamos em ‘pânico e histeria’ e defender a reabertura das escolas é inacreditável e inaceitável. Não deixaremos que sua insanidade coloque os brasileiros a beira do caos”, escreveu Idilvan Alencar (PDT). 

O deputado do PSB, Denis Bezerra, chamou de “irresponsável” o pronunciamento do presidente. “Além de não entender de economia, o presidente brinca com a saúde pública em um total desrespeito com toda a população brasileira. Está claro que ele não tem consciência alguma para conduzir nosso País”, afirmou. 

A deputada Luizianne Lins (PT) também se referiu ao discurso como “tosco e irresponsável”. “Bolsonaro, com suas ações e palavras irresponsáveis, se não forem as ações estaduais dos governadores, vai acabar levando milhares de brasileiros à doença e à morte pelo Covid-19", escreveu. 

Junior Mano, do PL, além de ter criticado a sanidade do presidente em adotar discurso que vai na contramão do combate mundial ao coronavírus, compartilhou publicações que pontuam, inclusive que o presidente está preocupado em acirrar disputas políticas. 

“Deixa eu entender: ontem (Bolsonaro) enviou uma MP pra que empregador pudesse demitir empregados por 4 meses. Ou seja, compreendia que o país iria precisar parar por meses. Hoje, diz que se você for um idoso atlético (o exemplo dele é ele mesmo), isso não passa de um resfriado ou gripezinha, e por isso, crianças podem ir para escola, pois não vai ocorrer nada com elas (nem com os avós delas se eles forem atléticos)”, pontuou o deputado Célio Studart (PV). 

O deputado José Guimarães (PT) disse que “Bolsonaro coloca a população brasileira em risco. Em pronunciamento, desdenha do avanço da Covid-19, ataca a imprensa e debocha da ciência. Empatia zero com as mortes causadas pela pandemia e completa falta de noção da grave situação que estamos vivendo”. 

O pedetista Robério Monteiro (PDT) também criticou o presidente que, para ele, “conclamou levianamente a população a retornar as suas atividades”. 

Dentre os deputados da base aliada do presidente Jair Bolsonaro, muitos não se manifestaram sobre o discurso. Eleito com discurso bolsonarista, o deputado Heitor Freire (PSL) disse que "a intenção do discurso do presidente era a de tentar acalmar a população e não deixar a economia parar. Pena que ele não conseguiu passar a mensagem de forma adequada".

Ele defendeu, ainda, que o momento exige atenção, cuidado e união dos entes públicos e que é "contra qualquer tipo de tentativa de politização da grave crise que estamos passando".

Senadores

Dois dos três senadores cearenses também comentaram o pronunciamento de Bolsonaro. O senador Tasso Jereissati (PSDB) classificou como "errático" o comportamento do presidente de minimizar os efeitos da Covid-19. Para o parlamentar, Bolsonaro está "sempre retornando a uma atitude beligerante".

Por meio de nota, o senador Eduardo Girão (Podemos) disse que o momento exige, acima de tudo, "muito equilíbrio e serenidade de todos". "A imensa maioria da população brasileira não tem reserva financeira para suportar mais de 30 dias de paralisação das atividades comerciais. Por isso, é preciso buscar também o equilíbrio entre o controle defendido pelas autoridades de saúde, se possível com a redução gradual e responsável do isolamento", defendeu.