Brasil vai rejeitar ajuda para a Amazônia oferecida pelo G7 e anunciada por Macron

O anúncio do auxílio foi feito nesta segunda-feira (26) pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que tem antagonizado com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) na crise diplomática aberta com a onda de incêndios na Amazônia

O governo brasileiro vai rejeitar a ajuda de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) oferecida pelo G7 para a Amazônia. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto. 

O anúncio do auxílio foi feito nesta segunda-feira (26) pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que tem antagonizado com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) na crise diplomática aberta com a onda de incêndios na Amazônia.  A maior parte do dinheiro oferecido pelas economias mais industrializadas do mundo seria utilizada para enviar aviões de combates à incêndio. 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não participou da reunião em que os líderes do G7 trataram da oferta. Mas Macron disse que o norte-americano apoiava a iniciativa. 

Segundo interlocutores do governo Bolsonaro que acompanham o tema, a oferta de auxílio foi entendida muito mais como uma tentativa de Macron de capitalizar o tema do que uma iniciativa dos líderes do G7. 

Esse interlocutor diz que o Brasil aguarda a formalização a oferta pelo francês, mas reafirma que ela deve ser rejeitada. 

Na noite desta segunda, o presidente Bolsonaro recebeu no Palácio do Alvorada o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, William Popp. Também participou da reunião o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do mandatário e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. 

Auxiliares de Bolsonaro consideram que Trump foi fundamental na cúpula do G7 para evitar uma ação mais incisiva da França em relação à Amazônia. 

A declaração final do G7 foi enxuta e não tocou no tema da Amazônia –o que foi visto pelo governo brasileiro como uma vitória.  

Apesar de rejeitar o auxílio oferecido na cúpula do G7, o Brasil aceitou a ajuda oferecida por outros países.

Chile e Equador já disponibilizaram aviões e especialistas em combate a incêndios; Israel e Estados Unidos também ofereceram ajuda, mas o governo diz que ainda estão quantificando esse auxílio. 

Divergências

Bolsonaro e Macron têm protagonizado troca de críticas na questão da preservação da Amazônia.  

Na quinta-feira (22), o mandatário francês classificou como "crise internacional" a situação amazônica e instou os líderes do G7 a discutir "a emergência" na cúpula dos países mais industrializados do mundo, que ocorreu durante o final de semana num balneário localizado no sul da França.

Bolsonaro acusou Macron de disparar "ataques descabidos e gratuitos à Amazônia" e zombou da mulher do francês, Brigitte Macron, em comentário na internet.

Já o presidente da França disse nesta segunda-feira (26) esperar que "os brasileiros tenham logo um presidente que se comporte à altura" do cargo.