Bolsonaro muda discurso e diz que decisão sobre máscaras cabe a Queiroga, governadores e prefeitos

Anteriormente, o presidente havia solicitado um parecer ao ministro para desobrigar o uso de máscara contra a Covid

O presidente Jair Bolsonaro recuou nesta sexta-feira (11) e afirmou que a decisão de desobrigar o uso de máscara para pessoas imunizadas contra a Covid-19 ou que já tiveram a doença, caberá ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a prefeitos e a governadores. A nova declaração ocorreu durante conversa com jornalistas na entrada do Palácio da Alvorada antes dele embarcar para uma agenda no Espírito Santo.

"Ontem [quinta-feira (10)] pedi para o ministro da Saúde fazer um estudo sobre máscara. Quem já foi infectado e quem tomou a vacina não precisa usar máscara. Mas quem vai decidir é ele, vai dar um parecer. Se bem que quem decide na ponta da linha é governador e prefeito. Eu não apito nada, né?

Ao discursar em uma cerimônia de anúncios de medidas para o setor do turismo na tarde de quinta-feira, Bolsonaro disse que havia solicitado a Queiroga um parecer para desobrigar o uso do equipamento de proteção.

Horas antes, a CPI da Covid aprovou a quebra de sigilo telefônico e telemático da cearense Mayra Pinheiro e dos ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e de integrantes do chamado "gabinete paralelo", estrutura de aconselhamento do presidente para temas ligados à pandemia e com defesa de teses negacionistas.

Em uma fala que não estava prevista no roteiro original do evento no Palácio do Planalto, ele anunciou que daria uma notícia aos jornalistas que acompanhavam o ato.

"Ele [Queiroga] vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados para tirar este símbolo que, obviamente, tem a sua utilidade para quem está infectado", afirmou o presidente.

Estudo

Queiroga também foi instado a se manifestar sobre o assunto. O ministro da Saúde disse no início da noite de quinta que o país precisava avançar na vacinação para a medida.

"Queremos que [o não uso da máscara] seja o mais rápido possível, mas para isso precisamos vacinar a população brasileira e avançar", disse ele em entrevista na saída do ministério.

Pouco depois, porém, o Ministério da Saúde divulgou um vídeo em que Queiroga confirma que fará um estudo sobre o tema e atribui o pedido do presidente a medidas adotadas em outros países.
Segundo o ministro, Bolsonaro "está muito satisfeito com o ritmo da campanha de vacinação no Brasil".

"Então vamos atender a essa demanda do presidente Bolsonaro, que está sempre preocupado em relação a pesquisas, tanto que estamos fazendo pesquisas na área de vacinas", afirmou.