Ele está hoje no cinema, streaming, no teatro e nas redes sociais. Gosta de ocupar os espaços em que o humor é bem-vindo. Faz piada consigo mesmo, com os outros e, como bom cearense, arranca o riso fácil. Quem vê pensa que foi fácil. Mas Victor Alen explica que para conquistar os espaços precisou ser muito mais que humorista e ator. Produzir seus espetáculos foi a estratégia para criar espaços para o stand up comedy num tempo em que pouco se falava de humor de cara limpa.
O artista cearense relatou sua trajetória artística e profissional- seja na comédia ou na astronomia- no episódio desta quinta-feira (21) do Que Nem Tu. Victor Alen lembrou como ser professor de Física o ajudou a desenvolver o comediante, como era o cenário há 24 anos do stand up no Ceará, a relação com Edmilson Filho e a incursão na produção audiovisual, a crise criativa pós-pandemia e os planos para o futuro.
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"Não foram todos os comediantes, na época, que abraçaram os comediantes de stand-up que estavam chegando. Não entendiam, entendeu? Porque realmente a dinâmica era completamente diferente. É um menino que não estava nem contando piada. Se enxergava muito dessa forma. Isso foi, por um lado, ruim, obviamente, porque a gente queria espaço para se apresentar e não tinha tanto, mas por outro lado foi bom, porque forçou a gente a sair da zona de conforto e produzir os próprios shows", relembra o início da carreira no humor, há 24 anos.
A realidade hoje, de acordo com o artista, é completamente diferente. Há mais espaço nas casas de show e os humoristas de personagens passaram também a trocar com aqueles que fazem o estilo "cara limpa". "Os bons profissionais, eles entenderam que o stand up não era melhor ou pior, só era diferente e que tinha espaço. Da mesma forma que o humor de personagem não acabou. É muito bom, tem gente que gosta também, entendeu? Eu, particularmente, eu gosto, sou fã. Então não é porque existe um gênero que o outro é ruim".
O passar do tempo exige que os profissionais passem a se renovar e atualizarem sua forma de trabalho. Victor compara que o que o boom do stand up fez na época em que chegou ao Ceará é semelhante ao que as redes sociais impuseram aos artistas agora. É preciso criar cenas curtas e colocar nas redes para que o público possa consumir e se vincular ao humorista também fora dos shows. O cearense disse que teve que se adaptar a isso e que ainda não se sente tão à vontade.
Parar e olhar para o que está fazendo é um exercício que Victor não tem medo de fazer. Se precisar, ele recalcula a rota e começa tudo de novo. Foi assim, quando decidiu que não iria continuar como professor de Física e se dedicaria exclusivamente ao Humor. Foi assim também, quando no pós-pandemia, rasgou todos os seus textos de humor e jogou fora as antigas piadas e reescreveu tudo sob uma nova perspectiva. Ele diz que faltava o "frio no estômago".
A observação cotidiana é o que alimenta o criativo. Tanto que ele levou muito de suas experiências da vida de solteiro para o seu último espetáculo "Sou todo ouvidos". Lá tem um pouco de suas aventuras românticas, a dinâmica que os aplicativos de encontro imprime na paquera, muita situação inusitada e muita chacota consigo mesmo.
Sempre em busca do que brilha seus olhos, o fortalezense não esconde que o audiovisual tem estado entre seus sonhos. O encontro com Edmilson Filho - um grande parceiro de trabalho e amigo pessoal- o colocou no radar de quem faz cinema e séries. Ele esteve em “Cine Holliúdy 2”, “Cabras da Peste”, “Bem-vinda a Quixeramobim”. Vem aí "C.I.C. - Central de Inteligência Cearense" e o que Victor ainda não pode dizer.
Mas o "bixinho do audiovisual" o picou. E ele diz que já trabalha em roteiros para produções suas. Lembra quando ele disse que teve que produzir para criar os shows que queria fazer? Ele adotou a mesma estratégia agora. Está roteirizando filmes que sonha em fazer. E nesse balaio vem comédia, claro, mas nem só de riso faz o homem!