A carreira de diplomata do Brasil é uma das mais concorridas, e a porta de entrada é o concurso público que é realizado todos os anos pelo Instituto Rio Branco (IRBr), autarquia subordinada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), em Brasília.
O diplomata é o profissional responsável por representar e promover os interesses brasileiros no plano internacional, fortalecer os laços de cooperação do Brasil com seus parceiros externos e prestar assistência aos brasileiros no exterior.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, ao longo da carreira, o profissional poderá ocupar várias funções e tratar de assuntos diversos como direitos humanos, questões sociais, meio ambiente, educação, energia, paz e segurança, promoção comercial, temas financeiros, cooperação para desenvolvimento, promoção da cultura brasileira, cooperação educacional, cerimonial e protocolo.
Atividades desenvolvidas pelos diplomatas brasileiros:
- representar o Brasil perante outros países e organizações internacionais;
- contribuir para a formulação da política externa brasileira;
- participar de reuniões internacionais e, nelas, negociar em nome do Brasil;
- promover o comércio exterior brasileiro e atrair turismo e investimentos;
- divulgar a cultura e os valores do povo brasileiro;
- prestar assistência consular aos nacionais brasileiros no exterior.
Quanto ganha um diplomata?
A remuneração inicial de um diplomata brasileiro é de aproximadamente R$ 21 mil, podendo concorrer ao cargo qualquer brasileiro acima dos 18 anos com curso superior em qualquer área de atuação.
Para assumir o cargo, o candidato enfrenta o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD), realizado anualmente desde 1946. O certame de 2024 já foi autorizado pelo MRE e prevê a oferta de 50 vagas para a carreira.
O que estudar para o concurso de diplomata?
As provas do CACD são aplicadas em três fases eliminatórias e classificatórias, com um vasto conteúdo para estudar. O tempo médio de estudo dos candidatos até a aprovação é de aproximadamente 4 anos, segundo dados de 2022 da Clipping CACD, plataforma de cursos voltados para este concurso.
Na primeira fase, o candidato faz prova objetiva com questões de língua portuguesa, inglês, história do Brasil, história mundial, política internacional, geografia, economia e direito.
Na segunda fase, as provas são dissertativas, com questões de língua portuguesa e de língua inglesa. Na terceira fase, o candidato realiza provas, também escritas, de história do Brasil, política internacional, geografia, economia, direito; língua espanhola e língua francesa.
Após aprovado no concurso, o candidato ingressa na carreira de diplomata como terceiro-secretário e inicia o Curso de Formação de Diplomatas do Instituto Rio Branco, passando por treinamento contínuo para serem capazes de representar o Brasil na comunidade de nações. Ao longo da carreira, os diplomatas ainda podem passar para os cargos de segundo-secretário, primeiro-secretário, conselheiro, ministro de segunda classe, até chegarem a ministro de primeira classe ou embaixador.
Como começar a estudar?
A organização dos estudos se torna um desafio para quem se prepara para o concurso de diplomata, demandando estratégias distintas conforme o momento dos estudos. É o que destaca Lucas Rodrigues, fundador e CTO da Clipping CACD.
"A depender da formação acadêmica, é interessante iniciar os estudos pelas matérias que se tem menos conhecimento, de forma a dedicar um tempo inferior para as disciplinas que já conhece. Uma pessoa graduada em direito pode distribuir mais horas para as demais disciplinas, como geografia, história mundial, política internacional… O importante é ter em mente que o CACD cobra as matérias de uma forma muito particular, nem sempre abordada nos cursos de graduação, o que exige o conhecimento profundo da prova até mesmo nas disciplinas que se tem maior afinidade", afirma.
Uma estratégia a considerar, segundo destaca, passa pela divisão dos estudos em dois blocos, compostos por tópicos com as disciplinas que devem ser estudadas para a prova, e que devem ser alternados semanalmente.
"Acima de tudo, uma preparação otimizada passa pela construção de bons cadernos para cada disciplina, contendo as informações principais de cada tópico. Além dos cadernos, a construção de flashcards é uma ferramenta muito legal para auxiliar na memorização, como o 'Anki', e a resolução de questões é essencial para compreender o modo que as disciplinas são cobradas pela banca. Por fim, ressaltamos a importância de um bom cursinho. É possível se preparar autonomamente, mas o auxílio de profissionais que conhecem o concurso é essencial para economizar tempo e acelerar a aprovação", destaca Lucas Rodrigues.
Como estudar línguas para o concurso de diplomata?
Ainda conforme o fundador da Clipping, a preparação para as provas de línguas estrangeiras do CACD é diferente da preparação para provas de línguas no geral, já que as provas discursivas demandam técnicas específicas, especialmente nas atividades de resumo e de versão.
"Uma estratégia importante é estabelecer uma rotina de leitura, que permita o contato cotidiano com textos em inglês, espanhol e francês. Mas não é qualquer estilo de texto que conta. Em espanhol, por exemplo, é muito interessante ler roteiros de viagens. Para entender melhor o que ler, sugerimos olhar as provas dos anos anteriores. Aproveite e teste seus conhecimentos fazendo algumas questões e comparando com o padrão da banca. Isso pode te dar um excelente direcionamento! Outra coisa: para o CACD, não é pragmático fazer um curso de línguas comum. Procure um curso específico para o concurso", recomenda.
*Lucas Rodrigues Pereira é graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estadual de Montes Claros, mestre em Inteligência Artifical pela Universidade Paris Cité, e mestre em Machine Learning for Data Science pela mesma instituição. Lucas Rorigues é fundador da Clipping CACD e atua como CTO da plafaforma de cursos.