Editorial: Proteção no Interior

O Ceará é um dos estados brasileiros com maior número de testes realizados para diagnosticar a Covid-19, o que dá um extensão mais precisa da crise de saúde pública que se enfrenta. Fortaleza é o epicentro. O Município concentra o maior número de pessoas diagnosticadas com a doença, provocada pelo novo coronavírus. O padrão se repete por toda parte e é observado em outras capitais e metrópoles do mundo, dado o maior fluxo de pessoas que transitam por estas urbes e sua concentração populacional.

A Capital, importante salientar, também concentra a maior parte das unidades de atendimento médico equipadas para tratar os pacientes em estado mais grave. Como já acontece com outras demandas por serviços de alta complexidade, em especial, da rede pública, os hospitais da metrópole certamente receberão enfermos de diversas partes do Estado, afetados pela doença que desafia todo os países.

Por ora, os informes publicados diariamente pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) dão conta de uma presença limitada do vírus, considerando as cidades que já diagnosticaram pessoas com a Covid-19. A redução do tráfego intermunicipal pode ser vista como uma ação previdente e bem-sucedida, em seu objetivo de retardar a contaminação. Contudo, a gravidade do que se vive exige ações mais incisivas, em âmbito local.

O objetivo é comum a todas as geografias, em todas as partes do mundo: evitar a contaminação descontrolada da doença e, com isso, o colapso do sistema de saúde. A consequência direta deste quadro seria a inviabilização do acesso universal ao socorro médico adequado. Diante do ineditismo da situação, os recursos disponíveis - de tecnologia e pessoal especializado - seriam insuficientes para atender à demanda, caso o pior cenário se concretize. O resultado, neste caso, será inevitavelmente um aumento no número de mortes causadas pela doença.

Passaram-se pouco mais de três meses, desde que a Covid-19 se impôs como um desafio global. De lá para cá, muitas incógnitas permanecem sem respostas. Contudo, há certezas que já se consolidaram. A maior delas é, sem dúvida, a que reforça a importância de se prevenir, tanto no âmbito individual, como comunitário.

O distanciamento físico, determinado por decreto no Ceará, precisa ser exercido em todos os lugares, não apenas onde os diagnósticos para a Covid-19 deram positivos. Não há barreiras capazes de imunizar territórios vastos, como os de um município. Seguir as medidas recomendadas pela OMS é fundamental, e o quanto antes houver consciência disso, melhor para toda a comunidade.

Viver nestas condições requer disciplina, senso de civilidade, rigor ético, no respeito à integridade do outro, e criatividade, para contornar os baques emocionais e econômicos. É esperado que a União e os estados estejam alinhados às prefeituras municipais, de forma a reforçar seus recursos, de diversas ordens, em hora que se faz necessário e até urgente. Aos cidadãos, cabe o cumprimento das orientações das autoridades e espírito colaborativo. A ameaça avança sobre todos e a forma de enfrentá-la é coletiva, por meio de ações organizadas e conscientes.