Defesa da diversidade racial deve estar na agenda progressista

Dentre os desafios que o novo governo nacional e os estaduais devem enfrentar destaca-se o combate ao racismo e a criação de oportunidades de mais acesso a bens raros na vida dos grupos étnicos raciais discriminados.

A população negra desponta entre a maioria que sobrevive com relações precárias de trabalho, sendo impactada pela opressão racial que define os lugares no mercado de trabalho, particularizando tipos de violências que moldam estruturalmente a sociedade brasileira.

Persiste a desigualdade de oportunidades entre os grupos raciais branco e negro no acesso a melhores condições de vida. Tal fato revela a necessidade de avançar no debate racial.

O ano de 2022 está recheados de conteúdos históricos relevantes. A Comemoração do bicentenário da Independência do Brasil que provocou a reflexão crítica sobre a arquitetura da exclusão e a contestação da história única, apresentada pela elite nacional baseada numa concepção da harmonia racial nas relações econômicas, políticas e sociais.

É preciso apresentar a grande contribuição do grupo racial negro na construção da identidade nacional. Nesse ano deu-se o processo eleitoral, marcado por forte polarização na disputa presidencial, difícil para o campo progressista. Contudo a democracia venceu e o resultado das urnas trouxe inúmeros desafios para a governabilidade de uma sociedade marcada pelo aumento da pobreza, do autoritarismo, racismo, sexismo que tanto reforçam dinâmicas excludentes.

Dentre os desafios que o novo governo nacional e os estaduais devem enfrentar destaca-se o combate ao racismo e a criação de oportunidades de mais acesso a bens raros na vida dos grupos étnicos raciais discriminados. É válido que negros/as ocupem cargos diretivos na gestão pública e nas empresas privadas, pois ao incorporar a diversidade ampliam-se concepções sobre a realidade social e perspectivas diversas de superação das desigualdades sociais e raciais.

O cenário parece animador com o forte estimulo no setor público, no governo que se inicia, ao indicar pessoas negras com potencial, talentos, habilidade discursiva e competência técnica de ocupar lugares sociais de vantagem como Silvio Almeida advogado, filósofo e professor universitário no Ministério dos Direitos Humanos; a cantora, compositora e empreendedora Margareth Menezes na pasta da Cultura; Anielle Franco professora, jornalista e ativista convidada para a Igualdade Racial e o advogado e fundador do bloco Olodum João Jorge Rodrigues na Presidência da Fundação Cultural Palmares. E que mais sejam incluídos de modo a preservar nos cargos públicos a proporção de negros/as existente na nossa sociedade.

Essas iniciativas tomadas pelo Presidente eleito Luiz Inacio Lula da Silva podem figurar como ações de reparação do desequilíbrio racial vigente. Certamente, provocarão mudança de comportamentos, maior consciência da importância da igualdade racial e compromisso com a garantia de vida digna aos grupos vulnerabilizados.

A esperança consiste na possibilidade de formulação de políticas públicas que leve em conta o processo histórico e cultural dos afro-brasileiros e a representatividade com diversidade.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.