Me apoio em minhas repetições para escrever, pois, sem esse gancho, ficaria em palpos de aranha para iniciar um assunto.
São confissões no tempo das viroses. Afinal de contas, a vida é uma viagem de observações pelos sentimentos.
Melancólico sou, às vezes, e me tranquilizo ao saber que esse estado da alma é uma manifestação artística e poética, uma elevação do espírito.
Não é depressão que, ao contrário, é uma doença carente de cuidados médicos.
Logo depois, me encarrego de dissipar dúvidas sobre saudosismo e nostalgia, sentimentos bastante comuns em momentos de reclusão e recomeços.
O saudosista quer viver, de novo, a vida que já viveu.
A vida, como se sabe, é linear com alguns pontos mortos e, se fosse para fazer um filme, seria possível colocar na narrativa o que mais nos interessasse.
Já a nostalgia é diferente e nos permite contemplar apenas o que existe de belo em nossas mentes.
E é isso que tenho procurado exercitar, quando sou remetido ao Cariri de minha infância, adolescência e vida adulta, onde fiz a minha estréia em 1957, aos nove anos de idade.
Crato, a “Princesa do Cariri, e Juazeiro do Norte, a “Capital da Fé”, como roteiros longos e nostálgicos de uma narrativa feita mais com o coração do que com a memória.
Cidades que nos abraçaram e que marcaram a nossa existência embalada de doçura e amizade.
Como cantou o mestre Luiz Gonzaga “de Juazeiro a Crato e, de Crato a Juazeiro, é romeiro só”.
Por que estou escrevendo isso?
Nostalgia de uma época em nossa vida em que, com o passar do tempo, internalizamos ser bem melhor que hoje.
Simples, assim.
Sejamos nostálgicos.