A vida tem que ser gasta

Na minha condição de eterno aprendiz da arte de viver, lido mal com elogios de corpo presente, por algo que disse ou escrevi.

Tiradas filosóficas que arrisco aqui e alí.

Quando escrevi que "a vida deve ser gasta", fiz clara referência ao fato de que uma pessoa não pode viver excessivamente preocupada com a preservação da saúde.

Para isso, abrir mão das doces "extravagâncias" que a vida oferece  em favor de uma saúde de touro premiado, com argolas no nariz.

Afinal, somos um animal sem futuro.

Isso é ter preguiça de existir e a vida deve servir para quem gosta de viver.

Até o lorpas e pascácios (olha o Nelson, aí) sabem que viver é a única coisa que não pode ser deixada para depois. 

A existência humana é como dinheiro que se pede emprestado para pagar com juros.

Gasta-se, hoje, para pagar amanhã, ou depois de amanhã.

No meu caso particular, a desgastada arquitetura de ossos e músculos está cobrando juros escorchantes.

É assim, mesmo.

Quando você menos espera, o cobrador bate à sua porta.

Paciência, seja gentil com o cobrador, trate-o o bem. 

Se ele estiver com sede, dê-lhe água.

Se estiver com fome, sirva-lhe uma refeição.

E se quiser repousar, dê-lhe uma rede e mande-o empurrar o pé na parede, para se balançar.

A vida nada mais é do que a soma de algumas ideias fixas.

Pense bem, irmão.

Faça com que essa passagem cósmica pelo Planeta Terra valha a pena.