Chegou ao fim a era Pazuello no Ministério da Saúde. O presidente Jair Bolsonaro escolheu o médico cardiologista Marcelo Queiroga para conduzir o Brasil no momento mais crítico da pandemia do coronavírus. O momento é delicado e é importante que o novo ministro saiba disso.
A gestão do general Eduardo Pazuello à frente da pasta vinha se enfraquecendo principalmente na relação tumultuada com os governadores que cobravam agilidade na compra e a distribuição de vacinas contra a covid-19.
Pazuello, assim como presidente Bolsonaro, preferiu rivalizar com os governadores ao invés de trabalhar por saídas possíveis e fundamentadas pela ciência. Os gestores estaduais vivem um dos momentos mais graves da história do País, com a iminência de um colapso no serviço público de saúde. Diante desse cenário, o ministro Pazuello seguia, até então, sem protagonismo quando o assunto é vacina e liderança na gestão da saúde.
É preciso que fique claro ao leitor que a troca de ministro não, necessariamente, ocorre pela postura de Pazuello durante esse tempo no primeiro escalão do governo.
Até porque o general acabou entregando o que foi pedido a ele pelo Palácio do Planalto, que foi, em boa parte do tempo, a resistência às medidas aprovadas pela ciência diante da pandemia e o estímulo ao uso de medicamentos não recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Não é difícil lembrar que o início da vacinação no País foi estimulado muito mais por pressão política do governador de São Paulo, João Doria, do que por iniciativa do Ministério da Saúde. As críticas contra o método de vacinação foram fortalecidas, inclusive, pelo presidente da República.
A troca
A mudança na gestão, considerada estratégica em qualquer governo, se dá mais pela preocupação de como o brasileiro, cansado da pandemia e desgastado pela falta de renda, deverá avaliar o governo nos próximos meses.
Há um receio do Planalto que a avaliação do governo se deteriore ainda mais nos próximos meses. O Palácio do Planalto parece que começa finalmente a entender que é preciso mudar a estratégia. A mudança, claro, é com vistas às eleições do ano que vem. Já estamos em pré-campanha.
O possível retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à disputa presidencial de 2022 certamente ligou o sinal de alerta em Brasília.
Mas para mudar a postura e dar um novo rumo ao governo, pensando em virar a página para as crises gratuitas estabelecidas pelo Planalto, é urgente, antes de mais nada, a mudança na condução da saúde. Uma mudança contundente que possa, inclusive, dar novos rumos a outros setores, como a economia principalmente.