Apesar da direção do PSDB no Ceará ter declarado apoio à candidatura de Eduardo Leite à presidência da República, a vitória do gaúcho nas prévias entre os cearenses pode não estar tão garantida como se imagina.
O apoio dos deputados estaduais Nelinho e Fernanda Pessoa e do deputado federal Danilo Forte à candidatura do governador de São Paulo, João Doria, causou surpresa à cúpula tucana no Ceará e equilibrou o jogo interno.
Maior liderança local da agremiação, o senador Tasso Jereissati chegou a se licenciar do mandato para trabalhar pela candidatura do governador do Rio Grande do Sul.
A coluna apurou que havia a expectativa de que os nomes do partido com mandato na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados seguissem a indicação da direção. O que não ocorreu. Em meio ao desgaste, há a preocupação em manter a unidade partidária depois da definição das prévias.
Voto a voto
A inclinação desses parlamentares pró-Doria pode dar trabalho a Tasso para dar a vitória a Leite no Estado. Isso porque deputados possuem mais peso no voto em relação a filiados sem mandato.
Nos bastidores, é contabilizado que o voto de um senador rende 800 pontos, assim como o de deputado federal. Nesse cenário, a pontuação dos votos de Tasso em Leite e de Danilo em Doria se "anularia".
Os votos dos deputados estaduais (cada um valendo 500 pontos) renderiam 1000 pontos de vantagem ao governador de São Paulo. Sem os deputados, o grupo que segue com Tasso precisa convencer os votos dos quatro prefeitos, sete vices e 63 vereadores — que possuem votos com menos peso.
Ao todo, são cerca de mil filiados aptos a votar. Com as prévias suspensas, a campanha continua forte no interior do Estado para ambos os lados.
Para equilibrar o jogo e vencer a disputa, o grupo pró-Leite vai precisar de muita mobilização entre os filiados. A expectativa é de que o processo encerre no próximo domingo (28).
Campanha
A deputada Fernanda Pessoa, que votou em Doria, disse que o pai dela, Roberto Pessoa, prefeito de Maracanaú, vai votar em Leite pelo compromisso que fez com o senador Tasso.
Ela diz que escolheu Doria pelo trabalho feito no governo paulista e pelo protagonismo que o correligionário teve na chegada da vacina contra a Covid-19 no País.
Disse ainda que segue trabalhando por Doria no Estado. "Cada um está fazendo a sua parte".
Nelinho, que também já votou em Brasília, disse que a participação nas prévias não se encerrou. "Nosso trabalho está sendo feito conversando com outras lideranças dos municípios, vereadores e suplentes".
Otimismo
Em contato com a coluna, o presidente estadual do partido, ex-senador Luiz Pontes, afirma que a decisão dos deputados do PSDB faz parte do jogo democrático, mas acredita que o governador gaúcho terá a maioria absoluta dos votos. "A posição do Doria para o partido é a pior possível", disse o tucano.
O presidente afirma também que as conversas com filiados estão ocorrendo no Interior e que a militância deve dar vitória ao governador gaúcho. Ainda se recuperando das sequelas da Covid-19, o dirigente diz que trabalha de casa fazendo telefonemas às lideranças do partido em todo o Estado.
Pontes, inclusive, lamentou a suspensão das prévias e a "desinformação" no partido sobre o assunto. "Você trabalha pra cadastrar o povo que não é fácil, trabalha pra juntar o povo pra votar e eles não conseguem votar. Isso causa desgaste", declarou.